Folha de S. Paulo


Empreendedores apostam em status de marcas com mais de 50 anos

Avener Prado/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 17-03-2017: Daniel Tucci Macedo, 28. O MPME desta semana vai tratar de franquias de marcas centenárias e se elas são uma boa alternativa de investimento para quem quer empreender. No caso, o fotógrafo irá fazer imagens do franqueado da Casa Bauducco. (Foto: Avener Prado/Folhapress, COTIDIANO) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
Daniel Macedo, 28, dono de uma loja Casa Bauducco em São Caetano do Sul, na Grande SP

Aproveitar a reputação de uma companhia tradicional, com várias décadas de mercado, pode ser uma alternativa para empreendedores mais conservadores. Mas não dá para comprar a franquia e se sentar na sua fama sem gerir o negócio com afinco.

"Mesmo tendo o nome como um dos maiores patrimônios dessas marcas, o empreendedor precisa entender que se trata de uma operação complexa", afirma Claudio Tieghi, diretor de inteligência da ABF (Associação Brasileira de Franchising).

É importante participar, ficar atento a inovações, novos produtos da empresa e a repercussão destes, segundo Claudia Bittencourt, sócia da consultoria especializada em franquias Grupo Bittencourt.

O engenheiro Daniel Macedo, 28, conta que faz questão de estar presente todos os dias em sua franquia da Casa Bauducco, aberta há um ano e meio. A marca foi criada em 1952, "Por estar sempre no local, conversando com clientes, vejo o que eles gostam mais entre os novos produtos e invisto no marketing boca a boca", diz.

A unidade passou a receber boas avaliações em redes sociais como Foursquare e TripAdvisor. A loja, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, cresceu 24% em 2016 e faturou R$ 1,05 milhão.

O diretor da Casa Bauducco, Paulo Cardamome, alerta que o empreendedor deve saber gerir antes de adquirir a franquia. Como é comum ao se tratar de marcas famosas, o investimento é alto para o empreendedor: custa cerca de R$ 500 mil.

"Se apoiar na marca ou apenas gostar dos produtos não credencia ninguém a ser empresário, apenas cliente", afirma Cardamone.

Se a empresa é conhecida, torna-se possível focar mais a estratégia comercial e menos o esforço de marketing, diz Tieghi.

Cerca de metade da base de clientes do administrador Marco Chadad, 45, da Hering, já consumia produtos da marca, segundo seus cálculos.

Chadad tem lojas em São Paulo da têxtil catarinense, ativa no mercado desde o final do século XIX. "A vantagem da marca antiga é que você já abre com uma clientela potencial, e precisa apenas divulgar a loja nos bairros próximos", diz.

ESCOLHA EMOCIONAL

O administrador Sérgio Lemos, 38, conta que decidiu pela New Era, rede norte-americana de bonés fundada em 1920, com a emoção.

"Vi um quiosque da marca e decidi ali mesmo que compraria uma franquia", afirma. "Não consultei o outro franqueado, único no Brasil na época, nem questionei dados financeiros que recebi."

Lemos investiu R$ 350 mil na primeira loja -sem contar o valor do aluguel do ponto e o capital de giro. O local foi aberto na metade de 2015.

A ousadia de Lemos não é recomendada por consultores da área, que indicam avaliar pelo menos três franqueadoras e conversar com quem tem lojas ou já deixou a rede.

"Falar com franqueados novos e antigos ajuda a ver como evoluíram as operações da empresa e dá pistas sobre como será o suporte a quem compra uma unidade", afirma o sócio-presidente da BA Stockler, consultoria especializada em franquias, Luís Henrique Stockler.

Também é indispensável estudar a fundo a circular de oferta de franquia, documento que estabelece direitos e deveres das duas partes.

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