Folha de S. Paulo


Dólar cai quase 2%, a R$ 3,11, e Bolsa sobe 2,37% com decisão do BC dos EUA

Win McNamee/Getty Images/AFP
A presidente do Fed, Janet Yellen; BC manteve projeção de três altas dos juros em 2017

O dólar ampliou a queda ante o real e outras moedas nesta quarta-feira (15), após o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) ter confirmado es expectativas e elevado as taxas de juros em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 0,75% e 1,00% ao ano.

A moeda americana fechou em baixa de 1,95%, a R$ 3,1120, na cotação comercial. Antes da decisão do Fed, o dólar era negociado na casa dos R$ 3,16. O real teve a maior valorização mundial neste pregão.

O Ibovespa acelerou a alta e fechou com ganho de 2,37%, aos 66.234,87 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,9 bilhões.

As ações da Vale subiram 6,92% (PNA) e 6,90% (ON), e as da Petrobras avançaram 4,49% (PN) e 2,64% (ON), ajudadas também pela valorização do minério de ferro e do petróleo.

Os mercados de câmbio e de ações já abriram a sessão desta quarta-feira (15) de bom humor, com a percepção de analistas e investidores de que dificilmente haveria alguma surpresa no comunicado do Fed.

Os juros futuros negociados na BM&FBovespa, as taxas inverteram a tendência de alta e passaram a recuar fortemente. Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

No encerramento do pregão, a agência de classificação de risco Moody's elevou a perspectiva para o Brasil de negativa para estável.

Além disso, o Banco Central informou que realizará nesta quinta-feira (16) leilão de swap cambial tradicional visando a rolagem do vencimento de abril. A operação equivale à venda futura de dólares.

O lote inicial será de 10 mil contratos (US$ 500 milhões). O total de contratos de swap cambial do Banco Central equivale a cerca de US$ 22 bilhões, dos quais US$ 9,7 bilhões vincendos em 3 de abril.

Juros dos EUA - Evolução da taxa, em %

A decisão do Fed era amplamente esperada pelo mercado, depois que diversos integrantes do BC americano sinalizaram que os juros deveriam subir em março, incluindo a presidente do Fed, Janet Yellen.

Na semana passada, dados fortes sobre a criação de empregos nos Estados Unidos ampliaram as apostas de alta dos juros neste mês e fizeram o dólar subir ainda mais nos últimos dias.

Segundo economistas, o comunicado do Fed foi mais "dovish" (mais tolerante com a inflação) do que o esperado.

"O Fed referiu-se à meta de inflação de 2% ao ano como um 'objetivo simétrico'", diz Felipe Sichel, economista da gestora Modal Asset. "Isso indica que, como a inflação ficou muito tempo abaixo de 2%, ela pode ficar um pouco acima de 2% sem que os juros tenham que ser elevados de forma mais agressiva", explica.

Também conforme previsto por analistas e investidores, o BC dos Estados Unidos manteve a estimativa de três aumentos dos juros neste ano.

Paulo Gomes, economista da gestora Azimut, não descarta, porém, uma quarta elevação neste ano. "Com o aumento dos níveis de confiança e dos investimentos, pode haver uma aceleração da alta de preços, e o Fed poderá ter que rever sua estimativa", diz Gomes.

Outro fator que pode alterar as previsões do Fed é a política econômica do presidente Donald Trump, que promete elevar os gastos públicos e reduzir impostos. "Mas a probabilidade de essa política causar impacto na economia ainda neste ano é baixo", diz Sichel.

A última elevação dos juros americanos havia sido em dezembro de 2016, também de 0,25 ponto, para entre 0,50% e 0,75%, depois de um ano sem aumentos.

É a terceira alta das taxas desde a crise financeira mundial de 2008. Antes dessas três elevações em pouco mais de um ano, o Fed ficou quase dez anos sem alterar os juros, desde junho de 2006.

Taxas mais altas nos Estados Unidos tornam ainda mais atrativos os investimentos na maior economia do mundo, em detrimento de outros mercados, principalmente emergentes.

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