Folha de S. Paulo


Dólar cai para R$ 3,14 após dados de emprego nos EUA; Bolsa tem leve alta

A criação de vagas no mercado de trabalho americano em fevereiro superou as estimativas, mas não foi exatamente uma surpresa para o mercado. Desta forma, o dólar caiu frente à maior parte das moedas, em um movimento de correção às altas recentes.

A maior queda do dólar foi ante o real. A moeda americana caiu 1,59%, a R$ 3,1450, na cotação comercial. Na semana, porém, acumulou alta de 0,96%.

O Departamento do Trabalho americano informou nesta sexta-feira (10) que foram abertos 235 mil postos de trabalho no mês passado. Economistas consultados pela agência Bloomberg previam a abertura de 200 mil vagas. Em janeiro, o número de empregos criados foi revisado de 227 mil para 238 mil.

Segundo analistas, o dado pavimentou o caminho para a alta dos juros americanos na reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) da semana que vem.

Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos, afirma que o número de vagas criadas foi expressivo, mas a alta salário médio pago por hora (0,2% ante janeiro) ficou um pouco abaixo das expectativas (+0,3%). A taxa de desemprego de 4,7% ficou dentro das estimativas.

"Isso indica que o Fed deverá manter o gradualismo e a projeção de três elevações dos juros neste ano", afirma o analista.

No mercado, especulava-se que, por causa da aceleração da economia, o BC americano poderia revisar sua projeção de altas dos juros para este ano, das atuais três para quatro, na reunião da semana que vem. Agora, segundo Suzaki, a probabilidade de que isso aconteça é baixa.

Além disso, o forte aumento no número de empregos era esperado pelo mercado desde quarta-feira (8), quando saíram os dados da empresa ADP sobre as vagas do setor privado em fevereiro.

O indicador da ADP, considerado uma prévia dos dados oficiais, veio muito acima das expectativas e provocou uma onda de valorização do dólar no mundo inteiro nas duas sessões anteriores.

JUROS

Os contratos de juros futuros, negociados na BM&FBovespa, fecharam em forte baixa nesta sexta-feira, refletindo a queda do dólar e o resultado do IPCA de fevereiro bem abaixo das expectativas.

O indicador oficial de inflação ficou em 0,33% no mês passado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ante estimativas de analistas de 0,43%.

A variação é menor do que a registrada em janeiro (0,38%) e em fevereiro de 2016 (0,90%). O IBGE atribui o resultado à queda de 0,45% no grupo alimentação e bebidas.

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação ficou em 4,76%, bem abaixo dos 10,36% registrados nos 12 meses encerrados em fevereiro do ano passado.

A desaceleração do IPCA reforçou as apostas de queda de um ponto percentual da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, em abril. A taxa está atualmente em 12,25% ao ano.

"Com o processo desinflacionário, estimamos que a inflação irá alcançar 4,4% [em 12 meses] já em abril, abaixo da meta de 4,5% pela primeira vez desde agosto de 2010", escreve David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch para o Brasil.

O contrato de DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2018 caiu de 10,250% para 10,080% ao ano; o contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 10,200% para 10,000%; e o contrato para janeiro de 2026 cedeu de 10,555% para 10,370%.

No mercado de juros futuros, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, caía 1,47%, aos 232,641 pontos.

BOLSA

O Ibovespa chegou a subir mais de 1,5% pela manhã, mas perdeu fôlego e fechou em leve alta de 0,14%, aos 64.675,46 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,8 bilhões. Na semana, o índice recuou 3,16%.

A queda do petróleo e do minério de ferro pressionaram as ações da Petrobras e da Vale neste pregão. Petrobras PN caiu 1,31% e ON, -0,13%. Os papéis da Vale recuaram 2,28% (PNA) e 1,75% (ON).

Entre os bancos, Itaú Unibanco PN subiu 0,05%; Bradesco PN, -0,55%; Santander unit, -1,00%; e Banco do Brasil ON, +0,38%.


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