Folha de S. Paulo


Processo do Google contra Uber firma fim de casamento complicado

Mark Ralston/AFP
(FILES): This file photo taken on March 10, 2016 shows a man checking a vehicle at the first of Uber's 'Work On Demand' recruitment events where they hope to sign 12,000 new driver-partners, in South Los Angeles Uber and Lyft are eviscerating the taxi industry in Los Angeles three years after they began operating in the city, officials say. Thanks to the ridesharing services, which enable independent drivers to offer rides via a smartphone application,
Carros da Uber em Los Angeles, Califórnia

Quando a Uber estava levantando capital de risco em 2013, a empresa era uma das mais atraentes, e ninguém estava mais disposto a preencher um cheque do que Bill Maris e David Krane, do braço de investimentos do Google.

Porém, nem todo mundo no Google Ventures, atualmente conhecido como GV, concordava. A companhia já tinha investido em uma rival, a Sidecar, e o Uber estava querendo um valor muito elevado na época.

Maris e Krane acabaram prevalecendo e o investimento é hoje considerado um dos maiores sucessos do GV. No papel, o investimento inicial de US$ 258 milhões em 2013 se multiplicou por 14 vezes nos três anos seguintes, para mais de US$ 3,5 bilhões.

Mas agora a Alphabet, controladora do Google, está processando a Uber por roubo de segredos corporativos.

A gigante da tecnologia alega que um de seus principais engenheiros no programa de carro autônomo acessou milhares de arquivos confidenciais, incluindo projetos que o ajudaram a fundar a companhia de caminhões autônomos Otto e a vender a empresa rapidamente para a Uber —que nega as acusações.

O processo, aberto pela unidade de carros autônomos Waymo, da Alphabet, está agitando a crescente indústria considerada como o futuro do transporte rodoviário privado.

A relação complexa entre as duas empresas foi tensa desde o início, segundo pessoas com conhecimento do assunto, e azedaram de vez com o aumento da competitividade entre as duas.

Agora, se o processo da Waymo atingir o Uber, o investimento do GV na companhia pode ser afetado por uma raridade no Vale do Silício: um grande investimento minado pelos próprios investidores da companhia.

"Se a Waymo ganhar, o GV perde", disse Stephen Diamond, professor associado de direito na Santa Clara University.

O processo é apenas um de uma série de reveses sofridos pela Uber, incluindo alegações de assédio sexual que dispararam uma investigação interna, um vídeo do presidente-executivo, Travis Kalanick, discutindo com um motorista da própria Uber que o fizeram fazer um pedido público de desculpas, e admissão pela empresa na sexta-feira de que usou uma ferramenta secreta de rastreamento para evitar autoridades.

"Avaliamos as alegações da Waymo e determinamos que elas são uma tentativa sem fundamento de desacelerar um competidor e vamos nos defender vigorosamente contra eles no tribunal", disse a Uber em comunicado. Uma porta-voz da GV não comentou o assunto.


Endereço da página:

Links no texto: