Folha de S. Paulo


Segundo maior acionista da Avianca quer barrar acordo com United

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DivulgaçãoLegenda: Novo Boeing 787 operado pela Avianca em voos para Bogotá
Boeing 787 operado pela Avianca em voos para Bogotá

Um acionista minoritário está disposto a barrar a proposta de parceria entre a Avianca e a companhia americana United Continental, alegando que o acordo entre as empresas seria prejudicial a ele.

Nesta terça-feira (28), a empresa de investimento Kingsland, segundo maior acionista da colombiana Avianca, ingressou na Justiça dos EUA contra Germán Efromovich, o principal acionista da companhia aérea e dono do conglomerado Synergy Group.

A Avianca, uma das maiores empresas aéreas da América Latina e um parceiro interessante para as companhias americanas que querem ter maior presença na região, afirmou em janeiro que estava buscando uma aliança estratégico-comercial com a United.

Agora, a Kingsland afirma que esse acordo foi "secretamente" negociado por Efromovich "para seu próprio benefício".

Depois de meses de especulação sobre possíveis parcerias com outras empresa, incluindo a americana Delta e a panamenha Copa, a Avianca divulgou no fim de janeiro um comunicado dizendo que" decidiu avançar na realização de um acordo de aliança estratégica com a United Airlines".

Avianca afirmou também na ocasião que o Sinergy faria uma injeção de até US$ 200 milhões na companhia colombiana. Ela disse ainda que estava buscando a fusão da Avianca com outro de seus negócios, a brasileira OceanAir.

Depois do anúncio de janeiro, analistas do Bancolombia disseram que, apesar de não terem todas as informações sobre os termos ou sobre o aumento de capital, o acordo era "positivo para o futuro" da companhia", clareando o "cenário de curto prazo de sua alavancagem financeira, fornecendo recursos para cumprir suas obrigações de curto prazo e desalavancando seu balanço financeiro".

A Kingsland afirmou em sua denúncia apresentada à Justiça de Nova York que decidiu entrar com ação "principalmente para proibir por ordem judicial uma transação flagrantemente proposta unilateralmente que Germán Efromovich secretamente negociou com a United para seu próprio benefício, em detrimento da Avianca e de todos os seus acionistas".

Pessoas familiarizadas com a denúncia afirmam que Efromovich negociou com a United para eliminar a possibilidade de a Avianca negociar com outras companhias aéreas.

O acordo, segundo essas pessoas, não resolvem o problema de liquidez da Avianca, ao mesmo tempo em que beneficia Efromovich e o Synergy.

A Kingsland afirma na denúncia que "Efromovich forçou a Avianca a levar adiante a transação da United porque tal transação proporciona benefícios muito maiores a ele pessoalmente". Afirma ainda que o "império de Efromovich" está perdendo dinheiro, "levado à beira da falência pela pior recessão que o Brasil enfrentou nos últimos 25 anos".

OUTRO LADO

Por meio de e-mail, a Avianca afirmou que "a empresa não foi oficialmente notificada e que, por isso, não tem informação sobre as questões mencionadas". Um porta-voz da United Continental disse que não foi notificada e portanto não poderia comentar. Efromovich não foi encontrado para comentar.

EMPRÉSTIMO

No ano passado, o fundo americano Elliott Management aparentemente usou de sua posição como credor de Efromovich para forçar a Avianca a entrar em uma parceria estratégica com uma grande companhia aérea. Segundo pessoas informadas sobre o acordo financeiro, o Elliott tem fornecido empréstimos para Efromovich.

Os empréstimos feitos pelo Elliott para Efromovich, empresário boliviano que retirou a Avianca da concordata em 2004, tinham como garantia a sua fatia de 51% na aérea.

Efromovich usou os empréstimos do Elliott para investir em estaleiros no Brasil com o Sinergy. Esse investimento parece ter sofrido com dificuldades financeiras.

OPORTUNIDADE

A Avianca é uma das últimas oportunidades para as grandes companhias aéreas americanas que buscam garantir parcerias estratégicas com empresas locais da América Latina.

A empresa voa para mais de cem destinos diariamente para as Américas e para a Europa. E ela também faz parte da rede Star Alliance, o que permite à United aumentar seu alcance na América Latina.

A Avianca opera voos na Colômbia, no Peru, no Equador, na América Central e no Caribe e transportou 29 milhões de passageiros no ano passado.

A aviação na América Latina tem sofrido uma consolidação expressiva, depois da fusão em 2009 da Avianca com o Grupo Taca e a criação em 2012 da Latam, envolvendo a brasileira TAM e a chilena Lan.


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