Folha de S. Paulo


Presidente da Vale não renovará contrato que termina em maio

Cecilia Acioli/Folhapress
Murilo Ferreira, presidente da Vale
Murilo Ferreira, presidente da Vale

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, anunciou nesta sexta (24) que não renovará seu contrato e deixará a companhia no fim de maio, quando vence o contrato atual. A empresa ainda não informou quem será o substituto.

"Como diz a minha filha, que é bem mais nova do que eu, a fila tem que andar", afirmou, em teleconferência com jornalistas. Ferreira preside a mineradora desde 2011, quando foi convidado para substituir o executivo Roger Agnelli, morto em 2016 em acidente aéreo.

Em nota, o conselho de administração da companhia agradeceu a Ferreira e informou que terá apoio de uma empresa internacional de seleção de executivos para buscar no mercado um substituto.

"A gestão de Murilo foi marcada pelo reposicionamento da Vale como uma empresa mais enxuta, de baixo custo e com processos mais simples e eficientes", diz o texto.

Nesta semana em que decidiu por sair da mineradora, Ferreira anunciou um acordo de acionistas histórico, que pulveriza o controle da empresa, e um balanço com lucro de R$ 13,3 bilhões, apesar dos baixos preços do minério no mercado internacional.

Dirigiu empresa em um dos piores momentos para o setor de minério, que viu os preços despencarem de US$ 150 para abaixo de US$ 50 por tonelada, e ficou conhecido pelo esforço para cortar custos administrativos e operacionais.

"Construímos uma casa nos últimos seis anos. Uma casa com custos sólidos. Uma casa que tem conforto mas não tem luxo", comentou.

Em sua gestão, a empresa concluiu um de seus maiores projetos de investimento —chamado de S11D, uma grande mina de minério de ferro no Pará e enfrentou sua maior tragédia ambiental, com o rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco, em Mariana (MG).

A mineradora, que divide o controle da Samarco com a BHP Billiton, foi bastante criticada pela demora para se envolver no caso.

Segundo Ferreira, a decisão por não renovar o contrato atual, que vence em 26 de maio, foi sacramentada na noite de quinta (23) e alinhada com executivos da companhia em reunião realizada na manhã desta sexta.

Na teleconferência, o executivo evitou comentários sobre pressão política ou dos controladores da companhia —Bradesco e fundos de pensão de estatais.

Ele argumentou que sempre defendeu que executivos deixem os cargos aos 65 anos. "Vou fazer 64 em junho e, no ano que vem, farei 65", comentou.

Nos últimos meses, porém, começaram a circular uma série de rumores sobre a preferência do governo Temer pela não renovação do contrato.

Na lista de nomes citados como possíveis substitutos, estão os diretores da companhia Clóvis Torres, que hoje é seu braço direito, Luciano Siani e Peter Popinga, além de ex-executivos da mineradora, como Tito Martins e José Carlos Martins.

Outro nome seria o de Nelson Silva, que há foi executivo da Vale e hoje é diretor da Petrobras.


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