Já há destino certo para o dinheiro que entrará no caixa da Odebrecht quando a venda de sua empresa de saneamento for concluída.
Os R$ 2,8 bilhões que a Brookfield irá pagar pela Odebrecht Ambiental irão para um grupo de bancos em troca do resgate de ações da petroquímica Braskem, que foram dadas como garantia de um empréstimo.
Com a construtora abalada pela Lava Jato, a petroquímica tornou-se a principal fonte de dinheiro do grupo. Por isso, ter de volta os papéis é fundamental para o futuro do conglomerado baiano.
Para salvar sua empresa de etanol, a Agroindustrial, a Odebrecht fechou um acordo com Banco do Brasil, BNDES, Bradesco, Itaú e Santander para alongar dívidas, mas precisou entregar toda a sua participação na petroquímica como garantia de dinheiro novo injetado na empresa.
Agora, com o recurso da venda da companhia de saneamento, com previsão de entrar no caixa da empresa em março, cerca de metade dessas ações será liberada.
A Odebrecht possui 38,3% do capital total da Braskem e 50,1% das ações com direito a voto. A Petrobras divide o controle da companhia, que possui ainda ações na Bolsa.
PARA BANCOS
O movimento de transferência de recursos aos bancos deve se repetir ao longo dos próximos meses caso a empresa tenha sucesso em seu plano de venda de ativos.
Os R$ 12 bilhões que o grupo pretende levantar com a venda de parte do conglomerado até o fim do ano serão usados para quitar dívidas —não há espaço para usá-lo em investimentos, dizem executivos a par dos números.
A dívida total do grupo hoje é de cerca de R$ 76 bilhões. É o menor valor desde 2010, mas preocupa ainda a companhia, que enfrenta uma grave crise de reputação e viu suas receitas caírem.
Ao repassar projetos, o grupo não só levanta dinheiro para pagar a credores mas livra-se de ter de investir nesses ativos e transfere aos novos donos obrigações assumidas com bancos.
Ao menos R$ 6 bilhões em dívidas serão limadas caso a empresa se desfaça do que está atualmente em negociação com potenciais compradores.
Enquanto isso não acontece, o grupo trabalha para renegociar prazos e condições de pagamentos para outros R$ 19 bilhões em financiamentos, especialmente da Odebrecht Óleo e Gás e da Odebrecht Transport,
responsável por administrar concessões.