Folha de S. Paulo


Fundo de Abu Dhabi negocia compra de fatia na Invepar, diz agência

Lalo de Almeida - 2.fev.2012/Folhapress
 GUARULHOS, SP, BRASIL, 02-02-2012, 08h00: Movimentação na esteira da área de desembarque internacional do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress, MERCADO)
Movimentação no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, administrado pela Invepar

O fundo Mubadala, de Abu Dhabi, está negociando a compra de 24,4% na Invepar, empresa que administra concessões como as do metrô do Rio de Janeiro e do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

As conversas incluem a injeção de recursos na companhia para alavancar projetos e reduzir sua dívida, segundo relato de três pessoas com conhecimento direto do assunto nesta quinta-feira (9).

As conversas estão avançadas e um acordo pode ser anunciado no fim de fevereiro ou no começo de março.

O negócio pode ser fechado por mais de US$ 2 bilhões, disseram as fontes.

O Mubadala tenta adquirir a fatia que era da OAS. Hoje a participação está nas mãos de um grupo de investidores que eram credores da empreiteira. Com a recuperação judicial da OAS, o grupo acabou ficando com as ações em troca de US$ 1,25 bilhão devidos pela empreiteira.

Um acordo com o Mubadala implicaria a reformulação do atual acordo de acionistas. Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Petros, da Petrobras e Funcef, da Caixa Econômica Federal, têm juntos 75,6% das ações da Invepar.

Sócios

Resistências dos fundos a alterações no acordo impossibilitaram anteriormente a venda da fatia. Sem dinheiro para pagar suas dívidas após ser atingida pela Operação Lava Jato, a OAS colocou a participação à venda.

A empreiteira chegou a fechar um acordo com a Brookfield. Pelo acerto, receberia R$ 1,4 bilhão. Ao final, contudo, os canadenses desistiram de fechar a compra.

No acordo agora em negociação, o Mubadala concordaria em colocar dinheiro novo para refazer o acordo, disseram as fontes.

Com a injeção de capital, as participações mantidas pelos fundos dos funcionários das estatais seriam diluídas.

No fim de 2015, Previ, Petros e Funcef se viram obrigados a injetar cerca de R$ 1 bilhão na concessionária para ajudá-la a quitar dívidas.

A Invepar se endividou para vencer os leilões das concessões e contava com uma oferta de ações para levantar R$ 3 bilhões e pagar seus compromissos. Com a crise, o plano não vingou.

Os fundos tinham de socorrer a empresa, mas não podiam aumentar sua participação, que hoje já está no limite do que é permitido por seus regulamentos. A saída encontrada foi emprestar dinheiro.

Procurado, o Mubadala disse que está "sempre à procura de oportunidades em setores e geografias com forte potencial".

A OAS, representantes dos grupo de investidores e a Previ não quiseram comentar as informações. Os fundos Petros e Funcef não comentaram de imediato.
expansão

A primeira incursão do Mubadala no Brasil ocorreu em 2012 e aconteceu por meio de uma parceria com Eike Batista, de quem comprou participação e concedeu empréstimos aos negócios de mineração, energia e logística do grupo EBX.

O colapso da EBX deixou o Mubadala com o controle de várias empresas de Eike, incluindo um porto, um hotel e uma fatia de US$ 300 milhões que ele tinha no Burger King Holdings. Eike hoje está preso na penitenciária de Bangu, suspeito de ter pago propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral.


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