Folha de S. Paulo


Indústria automotiva crê em retomada e acelera produção

Jorge Araujo/Folhapress
SAO PAULO SP Brasil 05 07 2016 No Km 17 da rodovia Anhanguera pátio da montadora Hyundai tomada de veiculos.no ABC Volks com carros espalhados no interior da montadora, no espaço ao lado da Ford Caminhões Mercedes e cegonheiras que carregam veiculos MERCADO Jorge Araujo Folhapress 703 ORG XMIT: XX
Pátio com veículos da montadora Hyundai, em São Paulo

O ano começou com queda de 5,2% nas vendas de carros de passeio e veículos comerciais (leves e pesados), mas os dados não foram suficientes para reduzir as esperanças da indústria automotiva. O setor continua a prever a retomada dos negócios ainda no primeiro semestre deste ano.

O otimismo se baseia em dados que vem do "chão de fábrica": as montadoras reduziram fortemente os estoques no fim de 2016 e agora começam a se movimentar para atender os pedidos das redes concessionárias. A produção cresceu 17,1% em janeiro na comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com a Anfavea (associação nacional das montadoras), o número de carros em estoque nas revendas manteve-se estável em janeiro (por volta de 135 mil unidades), mas há 51,4 mil veículos nos pátios das montadoras –alta 22% na comparação com dezembro.

Do lado dos lojistas, a maior demanda por carros é explicada pela melhora na oferta de crédito.

Segundo dados da Anfavea, 54,7% das vendas de veículos em janeiro foram feitas a prazo. Em novembro, esse percentual havia ficado em 50,3%, o pior resultado desde que as informações sobre a forma de comercialização passaram a ser computadas pelo Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

Contudo, a retomada ocorrerá sobre bases rasas. O setor automotivo retornou 11 anos no tempo: registra números de 2006 em vendas.

Em 2012, a Anfavea acreditava que o mercado interno nacional chegaria a 2017 com capacidade para absorver, pelo menos, 4 milhões de carros de passeio e veículos comerciais. Pelos cálculos atuais –que consideram um crescimento de 4% em 2017 sobre o ano passado–, os emplacamentos devem ser pouco superiores a 2,1 milhões de automóveis.

O nível de empregos permaneceu estável entre dezembro e janeiro, mas há 10,5 mil funcionários afastados em regime de "lay-off" (suspensão temporária do contrato de trabalho) ou pelo PSE (Programa Seguro-Emprego).

CAMINHÕES

O dado mais negativo de janeiro foi a venda de caminhões, que caiu 33,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês em 2016.

As 2.947 unidades emplacadas representam o pior resultado para o início do ano desde 1997, mas a Anfavea espera que o bom momento do agronegócio faça o setor de veículos pesados reagir.

Segundo o vice-presidente da Anfavea Marco Antonio Saltini, "janeiro sempre é um mês fraco para veículos pesados", e o processo de negociação de caminhões pode demorar até seis meses. O setor acredita nas previsões de que a supersafra irá injetar um extra de R$ 30 bilhões na economia em 2017.

FGTS

Outro dinheiro esperado pelas montadoras vem da liberação do saldo de contas inativas do FGTS. As empresas acreditam que parte dos R$ 40 bilhões previstos podem ser investidos na aquisição de automóveis.

Em 2016, a produção de veículos no Brasil caiu 11,2% na comparação com 2015. O pico foi em 2013, com 3,71 milhões de unidades.

A expectativa é a de que a produção suba 11,9% no acumulado de 2017, impulsionada também pela exportação de automóveis, que segue em crescimento.

Com agências de notícias


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