Apesar de reafirmar a expectativa de uma melhora na composição da dívida pública no longo prazo, o Tesouro Nacional aumentou os limites da participação de títulos atrelados à taxa básica de juros, a Selic, para 2017.
Uma participação alta desses papéis é considerada ruim porque isso pressiona a dívida quando a taxa sobe –não é o caso para este ano, já que a expectativa é de queda na Selic até o final de 2017.
Segundo dados divulgados na quarta-feira (25) pelo Tesouro, a participação dos títulos vinculados à Selic saltou de 22,8% da dívida em 2015 para 28,2% em 2016.
Para 2017, o Tesouro trabalha com uma participação desses papéis de no mínimo 29% do total da dívida e no máximo 33% –esses percentuais, em 2016, foram de 27% e 31%, respectivamente.
A fatia dos títulos prefixados, por outro lado, se reduziu de 39,4% para 35,7% no ano passado. Os limites mínimos e máximos para os prefixados, considerados melhores em termos de composição de dívida por serem mais previsíveis, foram reduzidos para 32% e 36% neste ano.
"Estamos fazendo a melhor combinação de instrumentos entre riscos e custo", justificou a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi.
"É um pé no chão em razão da conjuntura."
A parcela dos títulos indexados à inflação passou de 32,5% para 31,8%.
"Ao longo de grande parte do ano, tivemos inflação e juros altos. Por muito tempo o mercado foi comprando títulos que carregam inflação, como os atrelados à Selic, para se proteger", disse Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos.
O Tesouro informou ainda que a dívida pública federal alcançou R$ 3,112 bilhões no ano passado, maior patamar desde 2004, início da série histórica do indicador.
O resultado está dentro do intervalo previsto pelo PAF (Programa Anual de Financiamento). Os novos parâmetros do programa para a dívida em 2017 são que ela encerre o ano entre R$ 3,450 bilhões e R$ 3,650 bilhões.