Folha de S. Paulo


Festas de casamento dão fôlego a hotéis na baixa temporada

Gus Benke/Divulgação
Cerimonia em Fernando de Noronha (PE), organizada pela Welcome Travel
Cerimonia em Fernando de Noronha (PE), organizada pela Welcome Travel

As festas de casamento viraram queridinhas de hotéis e agências de turismo. Assessorar e abrigar a cerimônia virou uma das melhores saídas para garantir o faturamento.

Além da disposição dos noivos e de seus familiares para gastar numa cerimônia dos sonhos, outra vantagem do nicho é que cancelamentos costumam ser raros.

"Um cliente normal faz a reserva, verifica a previsão do tempo e, se vê que vai chover, cancela. Já no caso do casamento, a reserva é praticamente garantida.

Com um ano de antecedência, tenho o hotel fechado de sexta a domingo", afirma Elena Canestrelli, proprietária do Hotel Real Villa Bella, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo.

Mesmo assim, é preciso tomar alguns cuidados. "Em um momento de crise, talvez família, padrinhos e amigos próximos não cancelem uma reserva, mas outros convidados, sim", afirma Renê Fernandes, professor da Fundação Getulio Vargas.

Para evitar o problema, ele recomenda a aplicação de multas por cancelamentos. "O estabelecimento está deixando de vender aqueles dias para outros turistas", diz Fernandes.

Em Ilhabela, são os cerca de 50 casamentos por ano que garantem que o hotel de Canestrelli permaneça no azul. "Do jeito que a coisa está hoje em dia, é com os casamentos que a gente se garante."

Ela também é dona do Pier 151, um espaço para cerimônias com capacidade para 200 pessoas de frente para o mar e faturamento anual de até R$ 700 mil.

Segundo a empresária, as cerimônias não beneficiam apenas os hotéis.

"Somos uma indústria de casamentos. Antigamente, era preciso procurar bufê de São Paulo. Hoje, há várias opções locais", diz. "Já aconteceu de em um único dia ter 12 casamentos. Isso mexe com uma rede de cabeleireiros, maquiadores, lojas de roupa etc."

RISCO

Fernandes, da FGV, considera que as agências de viagem que atuam nesse segmento têm um baixo risco, já que o valor para começar é pequeno. "Você é apenas o intermediário entre vários prestadores de serviço e não assume um grande ônus."

Segundo o professor, é importante formar uma rede confiável de fornecedores para a realização da cerimônia.
Para evitar problemas, a Welcome Trips, agência de Curitiba que mantém um setor inteiro apenas para casamentos, lida diretamente com os fornecedores.

"A noiva só fala com a gente. Oferecemos as opções e fazemos toda a intermediação", explica Diana Parigot, 30, planejadora de casamentos da agência.

Em 2017 já são 45 cerimônias agendadas, a maioria para Cancún, no México. Hoje, 40% da equipe é voltada para casamentos, e é possível personalizar os pacotes.

Além de Cancún, outros destinos comuns são Fernando de Noronha (PE), Trancoso (BA), Punta Cana (República Dominicana) e Jamaica.

"Os hotéis do Caribe trabalham com reservas com tudo incluso. Ou seja, o convidado sabe exatamente quanto vai gastar quando compra a viagem", afirma Parigot.

Isso, segundo ela, ajudou o negócio a crescer. "Casar no Brasil está muito caro, e as noivas veem em nós uma luz no fim do túnel", diz a planejadora de casamentos.


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