Folha de S. Paulo


Japoneses dizem que não vão sair da Usiminas

Carlos Nogueira - 15.abr.11/A Tribuna de Santos/Folhapress
CUBATAO, SP, 15-04-2011 - Usiminas, producao de ferro Gusa no alto forno. Foto: Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos/Folhapress ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Alto-forno da Usiminas em Cubatão (SP)

O conflito societário que opõe os dois sócios controladores da Usiminas, uma das maiores siderúrgicas do país, deve se arrastar. A japonesa Nippon Steel afirma que não sairá da empresa e tampouco aceita negociar uma cláusula de saída como deseja sua sócia na siderúrgica, a argentina Ternium.

"Não temos nenhuma intenção de vender nossa parte ou mesmo sair de nossos negócios no Brasil", disse nesta quinta (19) o presidente da Nippon Steel & Sumitomo no Brasil, Hironobu Nose.

A disputa ocorre num momento em que a Usiminas tenta finalizar a reestruturação de sua dívida com credores e afastar qualquer risco de recuperação judicial, como temiam investidores.

Um acordo para rolar R$ 6,3 bilhões com bancos -Banco do Brasil e BNDES entre eles- foi feito em 2016, mas depende de condições a serem cumpridas até junho. Entre elas, a transferência de R$ 700 milhões para a siderúrgica do caixa de uma subsidiária, a Musa, o que foi vetado pela sócia da Usiminas na empresa, a também japonesa Sumitomo.

COMANDO

No centro da briga entre Nippon e Ternium está a escolha do presidente da empresa. O acordo de acionistas prevê que a definição seja feita por consenso. Mas o documento não define o que acontece caso as duas sócias não entrem em acordo.

No momento, há um impasse. A Nippon quer Rômel de Souza, atual presidente, no cargo. A Ternium deseja que Sérgio Leite assuma.

Sem consenso, as duas empresas se engalfinham nos bastidores, num vaivém de ações judiciais e acusações mútuas. Como resultado, a Usiminas já teve, desde o fim de 2014, três trocas de comando, com Souza e Leite revezando-se na presidência. E o caso segue na Justiça.

Como forma de solucionar a crise societária, a Nippon sugere que haja um sistema de alternância, no qual um sócio escolheria o presidente e o outro o presidente do conselho a cada mandato.

A Ternium não demonstrou disposição em aceitar. No lugar, gostaria de definir critérios para a saída de um dos sócios. "A primeira a indicar seria a Ternium", afirmou Nose. "Não entendemos por que eles não aceitam."

Segundo ele, a empresa não está disposta a mudar a proposta. E negou que haja conversas para a divisão dos ativos da empresa entre os sócios -uma forma de solucionar o conflito.

"É uma questão sentimental mesmo que temos com a Usiminas", afirmou Nose, lembrando que a Nippon é sócia da siderúrgica desde sua criação, nos anos 1950, enquanto a Ternium entrou na empresa só "recentemente".


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