Folha de S. Paulo


Na véspera da posse de Trump, dólar cai com ação do BC; Bolsa recua

Brian Snyder /Reuters
Últimos preparativos na ala oeste do Capitólio são feitos nesta quinta (19) para a posse de Trump
Últimos preparativos na ala oeste do Capitólio são feitos nesta quinta (19) para a posse de Trump

Um dia antes da posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, o real destoou das principais moedas e teve a maior valorização ante o dólar nesta quinta-feira (19).

A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, fechou em queda de 0,85%, a R$ 3,1950. O dólar comercial, usado em contratos de comércio exterior, recuou 0,46%, a R$ 3,2040.

O câmbio doméstico reagiu à ampliação da atuação do Banco Central. A autoridade monetária elevou nesta sessão a rolagem diária de contratos de swap cambial tradicional com vencimento em fevereiro de 12 mil (US$ 600 milhões) para 15 mil lotes (US$ 750 milhões).

A operação equivale à venda futura de dólares ao mercado, e a renovação de contratos que vencem no início de fevereiro começou na última terça-feira (17).

De acordo com analistas da Guide Investimentos, caso mantenha esse novo ritmo, o BC conseguirá fazer a rolagem integral desses contratos até a próxima quarta-feira (25).

"O BC está provendo liquidez para o mercado, mas pode estar se preparando para um movimento mais forte de valorização do dólar, com possíveis reações ao discurso da posse de Trump", diz a Guide, em relatório.

O dólar subiu mundialmente também por causa de indicadores que confirmam a força da economia americana. A leitura do mercado é que, sob Trump, o ritmo de aumento dos juros americanos se intensificará por causa de um possível aumento da inflação com o aquecimento da economia.

No fim da tarde desta quarta-feira (18), a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen, afirmou durante um evento que a demora para elevar as taxas de juros pode gerar riscos para a inflação.

"Mas mesmo que os juros subam nos Estados Unidos e caiam no Brasil, o nosso juro real continuará alto, garantindo o interesse de investidores", diz Paulo Henrique Correa, operador de câmbio da corretora MultiMoney.

JUROS

No mercado de juros futuros negociados na BM&FBovespa, o contrato de DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2018 caiu de 11,035% para 10,975% ao ano; o contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 10,800% para 10,700%; e o contrato para janeiro de 2026 cedeu de 11,210% para 11,135%.

Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

A queda dos juros futuros refletiu o resultado do IPCA-15 de janeiro, que veio abaixo do esperado por analistas e reforçou as expectativas de corte da taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em fevereiro.

A prévia da inflação oficial subiu 0,31% em janeiro, informou o IBGE, acima da alta de 0,19% de dezembro, mas no menor patamar para janeiro desde 1994, ano em que foi criado o Plano Real.

BOLSA

Em meio à cautela com o novo presidente americano, o Ibovespa fechou em baixa de 0,31%, aos 63.950,86 pontos, seguindo o movimento das Bolsas internacionais. O giro financeiro foi de R$ 6,9 bilhões.

As ações da Vale caíram 2,54%, a R$ 28,69 (PNA), e 1,99%, a R$ 31,47 (ON), devolvendo parte da forte alta da véspera.

Nesta quarta-feira, os papéis da mineradora subiram com a notícia de poderia haver uma única classe de ações, apenas ordinárias, no novo acordo de acionistas da companhia.

Em resposta a questionamento da BM&FBovespa, a mineradora informou nesta quinta-feira que "não há qualquer discussão ou deliberação no âmbito da Vale sobre eventual unificação das ações de sua emissão".

O minério de ferro na China recuou mais de 1% nesta sessão, contribuindo para a queda das ações da companhia.

As ações PN da Bradespar, acionista da Vale, cederam 3,55%, a R$ 19,81.

A lista das maiores quedas do índice foi liderada por Metalúrgica Gerdau PN, com -4,52%, seguida por Gerdau PN (-4,04%).

Os papéis PNA da Suzano tiveram a maior alta do Ibovespa, com +5,39%, após a companhia anunciar o reajuste do preço da celulose. As ações ON das concorrentes Fibria e Klabin seguiram o movimento, com +4,36% e 2,31%, respectivamente.

Já as ações da Petrobras terminaram em leve baixa; os papéis de bancos fecharam com sinais mistos.


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