Folha de S. Paulo


Bolsa sobe 2,41% com redução mais agressiva dos juros; dólar cai a R$ 3,17

O mercado financeiro doméstico reagiu positivamente ao inesperado corte de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), para 13% ao ano, anunciado na noite desta quarta-feira (11) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Descolado das Bolsas internacionais, que recuaram, o Ibovespa fechou em alta de 2,41% nesta quinta-feira (12), aos 63.953,93 pontos, maior patamar desde 8 de novembro, dia da eleição presidencial americana, vencida pelo republicano Donald Trump. O giro financeiro foi expressivo, de R$ 10,8 bilhões.

Após atingir a cotação mínima de R$ 3,1521 mais cedo, o dólar à vista terminou em baixa de 0,56%, a R$ 3,1751, no menor nível desde a eleição americana. O dólar comercial perdeu 0,50%, a R$ 3,1760, também o valor mais baixo desde 8 de novembro.

O câmbio também foi influenciado pelo exterior. A moeda americana recuou globalmente, após Trump, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (11), não ter dado detalhes sobre seu plano para alavancar a infraestrutura e impulsionar a economia dos Estados Unidos.

Jefferson Rugik, diretor de câmbio da Correparti Corretora, destaca que captações de empresas brasileiras no exterior, como Petrobras e, mais recentemente Fibria, também têm contribuído para o maior fluxo de entrada de dólares no Brasil.

"Além disso, mesmo com a Selic caindo para 13%, os juros reais ainda continuarão altos no Brasil, em torno de 5%, o que mantém atrativas as aplicações no país", acrescenta Rugik.

Confira a evolução da taxa Selic - Em % ao ano

Na Bolsa, as ações ligadas a consumo apareceram entre as maiores altas nesta sessão, como, por exemplo, BrMalls ON ganhou 8,50%; Lojas Americanas ON, +7,35%; Lojas Renner, ON, +6,67%; e Pão de Açúcar; +5,75%.

Ações de empresas do setor elétrico também registraram forte alta. Cemig PN liderou o ranking de principais valorizações do Ibovespa, com +12,06%; Eletrobras ON avançou 7,75%.

As ações de bancos subiram mais de 2%, com a perspectiva de que a queda dos juros estimule o crédito e reduza a inadimplência.

As ações de Petrobras e Vale também fecharam em alta, beneficiadas pela valorização das commodities no mercado internacional.

JUROS

Os juros futuros negociados na BM&FBovespa registraram forte queda, ajustando-se à redução maior da Selic. Cerca de 90% do mercado esperava uma diminuição de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros, para 13,25% ao ano.

O contrato de DI para janeiro de 2018 recuou de 11,335% para 11,000%, no menor patamar desde agosto de 2013; o contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 11,110% para 10,770%, nível mais baixo desde julho de 2013; e contrato de DI para janeiro de 2026 cedeu de 11,455% para 11,180%, menor patamar desde outubro de 2016.

Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações das taxas de juros, negociando contratos em que se comprometem com determinadas taxas para diferentes vencimentos.

Segundo o comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, o "processo de desinflação mais disseminado e a atividade econômica aquém do esperado já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização".

A autoridade monetária indicou ainda que deve manter o ritmo mais forte de corte da taxa Selic nos próximos meses.


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