Folha de S. Paulo


Montadoras destacam produção nos EUA para agradar a Donald Trump

Ao apresentar o utilitário de grande porte Atlas no Salão de Detroit, a Volkswagen estampou em seu telão a frase "desenvolvido e produzido nos EUA". A Honda também fez questão de ressaltar que o câmbio de 10 marchas da minivan Odissey é "made in USA". Essas declarações públicas não deixam dúvidas: Donald Trump está presente no evento.

Planos de produção não surgem do dia para a noite na indústria automotiva. Tais decisões fabris já haviam sido tomadas há tempos, e eram conhecidas. O que as montadoras fazem agora é mandar um recado ao presidente eleito dos Estados Unidos, da mesma forma que ele tem feito via redes sociais.

O que existe hoje são expectativas sobre promessas de sobretaxa a produtos produzidos no México. Seria uma mudança de regra radical, típica de tantas que já ocorreram no Brasil. Contudo, não é uma prática comum na América do Norte.

"A indústria automotiva mexicana se preparou para lidar com o mercado norte-americano. Se esse mercado não existisse, toda a produção daquele país teria sua existência ameaçada", disse Sergio Marchionne, presidente do grupo FCA (Fiat e Chrysler), em entrevista coletiva nesta segunda-feira (9), no Salão de Detroit.

O executivo não se esquivou de perguntas sobre o tema Trump, mas ressaltou que ainda não tinha resposta a dar. "Precisamos de clareza, e não somos os únicos que precisam", afirmou.

Para Marchionne, tanto a FCA —que também fez anúncio de investimento nos EUA— como outras montadoras devem adiar quaisquer planos de investimento em suas fábricas no México.

De acordo com o Center for Automotive Research de Ann Arbour (Michigan), foram investidos US$ 24 bilhões desde de 2010 na produção de carros no México. A maior parte deles foi exportada para os EUA. A demanda dos americanos nunca foi tão grande: foram vendidas cerca de 17,5 milhões de automóveis ao longo de 2016, um novo recorde.


O jornalista viaja a convite da GM do Brasil


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