Folha de S. Paulo


Dólar fica abaixo dos R$ 3,20 pela 1ª vez desde eleição de Trump

O dólar caiu em escala mundial nesta quinta-feira (5), refletindo as incertezas do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) em relação à política econômica do presidente eleito Donald Trump e sobre como ela afetará a trajetória de alta dos juros.

No Brasil, a moeda americana recuou pela terceira sessão seguida, e ficou abaixo dos R$ 3,20 pela primeira vez desde a eleição de Trump, em 8 de novembro.

O dólar comercial terminou o pregão em baixa de 0,65%, a R$ 3,1980. A moeda à vista perdeu 0,70%, a R$ 3,2008.

Segundo analistas, chamou atenção dos investidores o fato de a ata da última reunião do Fed, divulgada próximo ao fechamento dos mercados nesta quarta-feira (4), ter mencionado 'incertezas consideráveis' quanto à política econômica do novo governo. Apesar disso, a maioria dos dirigentes do Fed espera aumentos mais rápidos das taxas de juros, conforme o documento.

Para José Raymundo de Faria Junior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, o Fed coloca em dúvida se conseguirá cumprir a projeção de três altas nos juros em 2017.

"O tom da ata foi considerado menos duro do que a entrevista de Janet Yellen [presidente do Fed] logo após a reunião de dezembro. Desta forma, volta a ideia de alta gradual dos juros nos Estados Unidos nos próximos anos", comenta Faria Júnior, em relatório.

Dados abaixo do esperado sobre a criação de empregos no setor privado dos Estados Unidos contribuíram para o enfraquecimento do dólar.

Segundo levantamento da empresa ADP, foram criadas 153 mil vagas em dezembro. O indicador ficou abaixo das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, que eram de 175 mil empregos.

O dado da ADP é considerado uma prévia dos dados oficiais americanos de emprego, o chamado "payroll". Esses números serão conhecidos nesta sexta-feira (6). A mediana das projeções é de criação de 175 mil vagas no mês passado, ante 178 mil em novembro.

BOLSA

O Ibovespa fechou em alta de 0,78%, aos 62.070,98 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7 bilhões. É a primeira vez que o índice supera os 62 mil pontos desde 28 de novembro do ano passado.

O índice foi impulsionado principalmente pelos papéis da Vale, que subiram 4,73% (PNA) e 3,81% (ON), beneficiados pela alta de mais de 2% do minério de ferro na China.

As ações de siderúrgicas também tiveram altas expressivas. Gerdau PN liderou as altas do Ibovespa, com ganho de 7,07%.

Ajudadas pela valorização do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras subiram 1,61% (PN) e 2,24% (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 1,36%; Bradesco PN, +1,10%; Banco do Brasil ON, -0,24%; Santander unit, -0,30%; e BM&FBovespa ON, -1,21%.


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