Folha de S. Paulo


Apple retira app do 'New York Times' de sua loja de aplicativos na China

Johannes Eisele - 17.out.14/AFP
Chinese girls check out the iPhone 6 in an Apple store in Shanghai on October 17, 2014. Apple began selling its latest iPhone in China, nearly a month after other major territories due to a licence delay by regulators, but it faces a tough battle with rivals led by Samsung in the crucial market. Staff at an Apple Store in downtown Shanghai clapped and congratulated iPhone 6 customers as they left the shop, which opened two hours early for those who had pre-ordered. AFP PHOTO / JOHANNES
Visitantes testam iPhone em loja da Apple em Xangai

A Apple aceitou uma solicitação das autoridades da China para que removesse o aplicativo do "New York Times" de sua loja de apps no país. Trata-se de uma nova etapa da repressão a veículos estrangeiros de mídia, intensificada após Xi Jinping chegar à presidência, quatro anos atrás.

A empresa de tecnologia sediada em Cupertino, Califórnia, retirou o app no fim do mês passado, depois de ser informada pelas autoridades chinesas de que ele violava regulamentações locais.

Fred Sainz, porta-voz da Apple, disse que a empresa havia sido informada de que o app violava "regulamentos locais", sem que esses regulamentos tenham sido especificados. "Como resultado, o aplicativo teve de ser removido. Quando a situação mudar, voltaremos a oferecer esse serviço do 'New York Times'", disse.

Os usuários chineses que fizeram o download previamente poderão continuar a usá-lo, mas não receberão atualizações de software.

De acordo com Eileen Murphy, porta-voz do "New York Times", o jornal pediu que a Apple reconsiderasse sua decisão.

"A solicitação das autoridades chinesas para remover nosso app é parte de uma tentativa mais ampla de impedir que os leitores da China acessem a cobertura noticiosa independente do 'New York Times' —uma cobertura que não se difere do jornalismo que fazemos sobre todos os demais países do planeta, incluindo os Estados Unidos."

DIFICULDADES NA CHINA

Para o "New York Times", a retirada do app é o mais recente em uma série de reveses sofridos pela empresa. Seus sites em chinês e em inglês estão bloqueados na China há anos, e o jornal enfrenta dificuldades para obter vistos para novos repórteres.

Nos últimos quatro anos, as condições de trabalho dos jornalistas pioraram na China, tanto para os profissionais locais quanto para os estrangeiros, e as organizações noticiosas de fora do país frequentemente viram seus sites bloqueados. Em setembro, um estudo do PEN Centre determinou que os jornalistas estrangeiros enfrentam "mais restrições" ao seu trabalho na China hoje do que em qualquer momento do passado.

A Apple também enfrentou frustrações com o ambiente chinês de mídia, que se tornou mais restritivo desde que Xi assumiu o poder. Em abril do ano passado, os serviços de livros e filmes da companhia, iBooks e iTunes, foram bloqueados na China. Nem a Apple nem as autoridades regulatórias explicaram a razão para a medida.

A empresa vem há muito tentando encontrar um ponto de equilíbrio entre o acesso ao mercado chinês —que respondeu por 20% de suas vendas, ou US$ 8,8 bilhões, no trimestre passado— e uma sucessão de solicitações do governo.

Entre elas está a criação de centrais de processamento de dados para armazenar informações sobre os usuários chineses de serviços da empresa, o que a Apple aceitou fazer em 2014. A empresa também anunciou no ano passado que criaria uma unidade de pesquisa e desenvolvimento, decisão elogiada pelo primeiro-ministro assistente chinês.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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