Folha de S. Paulo


BNDES estuda vender fatia em empresas e fala em atitude 'ativista'

Rafael Andrade/Folhapress
BNDES faz convênio com BID para linha de até US$ 2,4 bilhões
Sede do BNDES no Rio de Janeiro

Depois de um 2016 fraco, o BNDES espera retomar em 2017 operações no mercado de capitais, tanto como vendedor de ações, quanto como apoiador de novas emissões por empresas brasileiras.

O banco promete também ter uma atitude mais "ativista" nas empresas em que tem participação.

"Estamos fazendo uma avaliação profunda de nossa carteira, tendo discussões estratégicas no banco. Tem várias operações para sair", afirmou a diretora do BNDES, Eliane Lustosa.

Ela não quis detalhar quais as operações em estudo, mas adiantou que o banco está analisando janelas de oportunidade para se desfazer de ações em algumas empresas nas quais têm participação.

Por outro lado, o BNDES considera que pode haver uma melhora no cenário para lançamentos de ações por empresas brasileiras.

Por meio da subsidiária de participações BNDESPar, o banco concluiu nos nove primeiros meses deste ano operações no valor de R$ 545 milhões, 71% a menos do que em todo o ano passado.

Foram, em sua maioria, compra de cotas em fundos de investimentos. A maior operação do ano, de R$ 208 milhões, foi a subscrição de ações da Rumo Logística, para ampliação e modernização da malha ferroviária.

Foi o pior ano em termos de atuação no mercado de capitais para o BNDESPar desde 2007, de acordo com os dados publicados pelo banco.

Lustosa disse, porém, que o BNDES vai procurar ser mais seletivo no apoio a empresas envolvendo operações no mercado de capital. O ideal, disse ela, é fomentar a participação de instituições financeiras privadas no processo.

Além disso, o BNDES vai buscar ter maior participação na gestão das empresas onde investe, principalmente com presença no conselho de administração delas.

Atualmente, das 30 maiores fatias acionárias que o BNDES tem em empresas, o banco participa do conselho em apenas 18.

De acordo com os dados divulgados nesta segunda, o setor de petróleo e gás é o que teve maior atuação no BNDESPar desde 2007, com R$ 25,2 bilhões, seguido de alimentos e bebidas (R$ 12,8 bilhões) e papel e celulose (R$ 4,5 bilhões).

O dado, porém, é distorcido pela capitalização da Petrobras, em 2010, na qual o banco investiu R$ 24,7 bilhões.

Em alimentos e bebidas, estão empresas escolhidas pelo governo Lula como "campeãs nacionais", como JBS e Marfrig, com operações que somam R$ 4,9 bilhões e R$ 3,6 bilhões.

No governo Dilma, a Odebrecht Transport foi a empresa que mais recebeu recursos do BNDESPar. A empresa é investigada pela Operação Lava Jato e está na lista dos acordos de delação premiada fechados pelo grupo.

Foram R$ 3,044 bilhões em duas operações, em 2013 e 2014, mais o que o triplo do volume aportado na segunda empresa mais beneficiada no período, a Klabin.


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