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Brasileiro compra mais vinho importado, mas busca bebida barata

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 08-12-2016: Vinho branco gelado para a coluna Volta&Mesa de Luiz Horta. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
Vinho branco gelado é indicado para a ceia de Natal

O brasileiro não comprava tanto vinho importado fazia quase duas décadas, mas a escolha neste ano de crise econômica foi mais pela quantidade do que pela qualidade: desde 2007, não se pagava tão pouco pela bebida produzida no exterior.

Neste ano, até novembro, o país comprou a maior quantidade de vinhos de outros países desde 1998. Por outro lado, em valores, a importação somou US$ 259,4 milhões, o menor montante desde 2010 e queda de 5,5% em relação a janeiro a novembro de 2015.

Uma das consequências desse movimento, reflexo da recessão e da alta da tributação, é que o vinho que entrou no país neste ano está mais barato: quando se divide o total pago pela quantidade, o valor médio é de US$ 3,06, o menor desde 2007 (US$ 2,9).

Desde 2014 os importadores vêm buscando um produto que caiba no bolso dos brasileiros. Isso se intensificou neste ano por causa da crise econômica, que reduziu o valor que as pessoas reservam para compras de produtos que não são de primeira necessidade, caso dos vinhos.

Além disso, a alta de 10% do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) de vinhos, ocorrida em dezembro de 2015, encareceu tanto nacionais quanto importados, levando a remarcações e retraindo o consumo.

MAIS E BARATO - Brasileiro compra mais vinho importado, mas busca bebida mais barata

A comercialização da bebida do Rio Grande do Sul, que concentra a maior parte da produção nacional, por exemplo, recuou 15,5% entre janeiro a agosto deste ano ante mesmo período do ano passado, segundo a União Brasileira de Vitivinicultura.

"O que está acontecendo é que as importadoras estão buscando lá fora a melhor relação entre custo e qualidade que podem encontrar", diz o consultor Adão Morellatto. da International Consulting.

"Antes iam atrás só de marcas. Agora fecham acordos com produtores".

Ele diz que a volatilidade do câmbio também teve impacto sobre as importações de produtos de maior valor.

"O importador precisa ter um mínimo de certeza do que vai acontecer com o câmbio."

origem do vinho - Países de onde o Brasil mais importou em 2016, em US$ milhões

FREQUÊNCIA MAIOR

Se os dados indicam que o consumidor está tomando um produto menos sofisticado, a boa notícia é que os brasileiros estão consumindo vinhos de outros países mais regularmente. "Antes eram poucos consumidores de vinhos caros consumindo pouco, agora são muitos consumindo mais", diz Morellatto.

O consultor lembra que nos últimos anos a classe média vem se tornando grande consumidora. "São pessoas que viajaram muito nos últimos anos e entraram em contato com novos produtos, adquirindo gosto por vinho."

Os vinhos importados pelo Brasil vêm principalmente do Chile –que tem aumentado sua participação na mesa do brasileiro e respondeu por 45,3% da bebida trazida para o país no ano passado, segundo a International Consulting. Em seguida vêm Argentina (15,9% em 2015), Portugal (12,6%) e Itália (11,2%).

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Como escolher o vinho ideal

SAIBA MAIS

Descontos
Faça uma lista de quantas garrafas precisa e para quais ocasiões. Comprar em maior volume pode gerar bons descontos.

Direto da fonte
Vale visitar as lojas on-line de algumas vinícolas, para saber mais detalhes sobre os vinhos e o preço cobrado na origem. Não se esqueça, porém, que para SP há alguns impostos que aumentam o preço dos vinhos, mesmo aqueles produzidos no Brasil.

Armazenamento
Observe se o vinho está armazenado longe de fonte de calor e luz intensa e se o rótulo e o lacre estão em boas condições.

Para presentear
Vinho de presente para quem você não conhece bem tem que ser simples. Um espumante brasileiro de boa qualidade pode ser encontrado em uma faixa de R$ 40 a R$ 50. Para os mais jovens, espumantes leves, frescos, como os do método Charmat (pode não estar indicado no rótulo) —em que a segunda fermentação acontece em grandes tanques. Para os mais velhos, espumantes de método tradicional (isso vai estar escrito no rótulo) —a segunda fermentação ocorre na garrafa—, que podem custar um pouco mais caro.

Para se refrescar
Verão e calor pedem vinhos rosés e brancos para acompanhar as refeições. Numa faixa de preço intermediária você vai encontrar opções de Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling Itálico, Viognier e Moscatos. Mas atenção: vale optar por brancos não amadeirados, pois eles são mais frescos e vibrantes —muitos dos Chardonnays,principalmente estrangeiros, são amadurecidos em barris de carvalho. Um branco amadeirado, por outro lado, é uma escolha boa para acompanhar muitos dos pratos da ceia. Os rosés são aperitivos ideiais, combinam com saladas, camarão frito, sanduiches e quiches. Se quiser servir vinho tinto na ceia, ele deve ser refrescado: 30 minutos na porta da geladeira é o suficiente.

Queridinho do Brasil
Espumante combina com tudo, certo? Sim. Mas se quiser ser detalhista, escolha um bem fresco para o aperitivo, um bem seco para acompanhar a refeição (Extra Brut ou Nature) e um mais doce (Moscatel) para as sobremesas. Espumantes brasileiros são os vinhos mais fáceis de encontrar em grandes lojas.

Reconhecimento internacional
O Brasil produz vinhos em Santa Catarina, no Paraná e até mesmo em regiões do Nordeste. Alguns produtos são mais conhecidos fora do país do que por aqui. A merlot é a uva tinta mais importante do Vale dos Vinhedos (RS)e alguns rótulos de lá têm DO (Denominação de Origem) reconhecida pela Comunidade Econômica Europeia. Sim, você vai gastar em torno de R$ 80 a R$ 100 com esses vinhos

Menos é mais
mantenha-se simples. Se você não é um enófilo de carteirinha, nada de vinhos muito caros, exóticos ou raros e envelhecidos

Fontes: Carlos Cabral (GPA), Rafaela Figueiredo (Expand), Silvia Mascella Rosa (Ibravin) e Mdic


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