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Servidores fazem 'ceia da miséria' com pão e água para protestar contra Pezão

Nicola Pamplona/Folhapress
Servidores fazem 'ceia da miséria' com pão e água para protestar contra medidas do governador Pezão
Servidores fazem 'ceia da miséria' com pão e água para protestar contra medidas do governador Pezão

Os servidores do estado do Rio serviram nesta sexta (23) uma ceia de Natal com pão e água em frente à sede do governo, para protestar contra os atrasos de salários do funcionalismo.

O protesto é chamado de "ceia da miséria", em alusão às dificuldades que os servidores terão para comemorar as festas de fim de ano.

Na quinta (22), o governo anunciou que devido a um novo bloqueio nas contas do estado, suspendeu a primeira parcela do pagamento de novembro, que seria depositada nesta sexta.

Até agora, apenas servidores da educação e da segurança pública, além de aposentados da segurança, receberam o mês de novembro.

Os demais receberão a primeira parcela, de R$ 264, apenas no dia 5 de janeiro, segundo novo calendário apresentado na noite de quinta.

A manifestação teve início por volta das 11h desta sexta (23), com uma caminhada entre o Largo do Machado e o Palácio da Guanabara, onde fica a sede do governo, em Laranjeiras, na zona sul.

"Estamos com sangue nos olhos porque nossos pensionistas vão passar o Natal e o Ano Novo sem salarios", disse o presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Rio, Mesac Eflain, que vem liderando os protestos desde o início da crise.

Por volta de meio dia, foram servidas fatias de pão e copos d'água aos manifestantes. Os manifestantes fecharam os dois sentidos da rua Pinheiro Machado, importante ligação entre as zonas sul e norte da cidade.

Depois, marcharam pelos bairros do Flamengo e Laranjeiras e receberam diversas manifestações de apoio dos moradores, apesar dos transtornos ao tráfego.

Durante todo o trajeto, de cerca de 4 quilômetros, foram gritadas palavras de ordem contra o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Não houve confrontos com a polícia e a adesão foi menor do que em protestos anteriores, com pouca presença de servidores da segurança pública, que já receberam os salários de novembro.

"Disseram que o pagamento seria feito hoje, agora vai ser no dia 5. Será que vai dar mesmo? Não pagar os aposentados é um crime", reclamou a professora aposentada Marila Carvalho Bastos, 82, que acompanhou o cortejo em uma cadeira de rodas por dificuldades para se locomover.

O governo alega que não tem como pagar os salários por causa de um bloqueio de R$ 128 milhões feito nas contas do estado na quinta, por não pagamento de parcelas da dívida da União. Desde o início do mês, já são R$ 550 milhões.


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