Folha de S. Paulo


Deutsche Bank e Credit Suisse fazem acordo em caso de hipotecas subprime

Michael Probst - 27.abr.2015/Associated Press
Deutsche Bank vai pagar US$ 7,2 bilhões em caso de hipotecas
Deutsche Bank vai pagar US$ 7,2 bilhões em caso de hipotecas

O Deutsche Bank e o Credit Suisse fecharam acordo de US$ 15,5 bilhões com o Departamento de Justiça americano para encerrar processos relacionados à crise das hipotecas "subprime", crédito imobiliário de má qualidade que está no centro da crise financeira global de 2008.

Com o acordo com os bancos alemão e suíço, a soma das penalidades impostas pelas autoridades americanas já soma US$ 82 bilhões contra instituições pela venda de hipotecas fraudulentas.

Isso significa que a conduta tornada famosa pelo filme "A Grande Aposta" (com Ryan Gosling e Christian Bale) já se tornou o escândalo financeiro mais caro da história.

E esse número deve crescer, já que instituições europeias como HSBC e UBS ainda não integram o acerto.

Anteriormente bancos como JPMorgan Chase, Citigroup e Goldman Sachs já haviam acertado o pagamento de multa às autoridades americanas –essas mesmas instituições receberam ajuda do governo dos EUA em um programa lançado em 2008 para impedir uma quebradeira geral do sistema financeiro.

A maior multa paga até o momento foi a do Bank of America, que fechou um acordo de US$ 16,7 bilhões.

No acerto fechado nesta sexta-feira (23), o Deutsche Bank disse que vai pagar US$ 7,2 bilhões –incluindo uma multa de US$ 3,1 bilhões– por seu papel na crise de empréstimos "subprime".

Além da multa, o banco alemão aceitou conceder vantagens aos clientes, como revisão das condições dos créditos concedidos, totalizando US$ 4,1 bilhões.

O valor foi recebido com alívio, já que três meses atrás foi anunciado que os EUA queriam US$ 14 bilhões para encerrar o caso contra o maior banco da Alemanha.

Já o Credit Suisse anunciou que vai pagar US$ 5,3 bilhões como parte do acordo, sendo multa de US$ 2,5 bilhões e mais US$ 2,8 bilhões em compensações financeiras para os consumidores.

Outro banco europeu, o britânico Barclays, informou que não chegou a um acordo com as autoridades americanas sobre o valor da multa e vai ser processado pelo Departamento de Justiça.

Segundo o "Financial Times", a instituição achava que sua pena deveria ser de no máximo US$ 2 bilhões, mas as autoridades dos EUA queriam valores próximos aos exigidos de Deutsche Bank e Credit Suisse.

De acordo com os promotores americanos, o Barclays, entre 2005 e 2007, vendeu de modo fraudulento mais de US$ 31 bilhões em ativos lastreados por hipotecas.

Esses ativos funcionavam da seguinte forma: vários títulos imobiliários eram "empacotados" em um só ativo e negociados pelos bancos.

A promessa para os consumidores é que eles eram muito seguros e que, se um outro proprietário de imóvel não pagasse seu financiamento, isso não teria efeito sobre o título como um todo, já que o "pacote" envolvia milhares desses créditos imobiliários.

O que se viu na crise, porém, é que houve uma disparada na inadimplência imobiliária, e os títulos viraram pó, deixando investidores com um grande prejuízo e arrastando o restante da economia norte-americana, que ainda hoje sente os efeitos da crise da década passada.

EFEITO TRUMP

De acordo com o "Wall Street Journal", a decisão de fazer um acerto com Deutsche Bank e Credit Suisse e de processar o Barclays se deve, em parte, ao temor dentro do governo Barack Obama de que a administração de Donald Trump possa até mesmo desistir de processar esses grandes bancos.

Faltando poucas semanas para a posse de Trump, o governo do democrata busca cumprir uma das suas promessas de campanha: a de que as instituições que estiveram envolvidas na crise global seriam punidas.


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