Folha de S. Paulo


Uber recua e encerra teste com carros sem motorista em San Francisco

A grande experiência do Uber com um serviço de carros sem motorista em sua cidade-sede durou oficialmente apenas uma semana.

Na quarta-feira (21), o Uber fechou seu serviço de carros autônomos na Califórnia, depois de desafiar as autoridades estaduais que haviam ordenado que a empresa o suspendesse porque era ilegal. A empresa não dispunha das licenças estaduais necessárias para operação de veículos sem motorista, disseram funcionários do governo californiano.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, a empresa anunciou ter encerrado seu programa piloto depois que o Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia revogou as licenças de seus carros autoguiados.

"Estamos determinando para onde enviaremos esses carros, agora, mas continuamos a ter 100% de compromisso para com a Califórnia e vamos redobrar nossos esforços pelo desenvolvimento de regras funcionais no Estado", a empresa afirmou.

A tendência do Uber vem sendo invadir novos mercados ignorando as leis locais, como parte de uma abordagem combativa de expansão mundial. O Uber iniciou um programa piloto de seu serviço de carros sem motorista em Pittsburgh, em setembro, e a experiência continua.

Mas a derrota sofrida na Califórnia quanto aos veículos autoguiados é um dos revezes crescentes da empresa. Neste ano, ela abandonou seu serviço de carros na China, optando em lugar disso por investir na líder local do setor, a Didi Chuxing. Também abandonou ou reduziu sua presença em outros mercados, entre os quais algumas cidades da Alemanha.

Um dia antes de o Uber iniciar seu programa piloto as autoridades estaduais foram explícitas em sua demanda de que a companhia respeitasse as regras.

Em declaração feita em 13 de dezembro sobre o teste de veículos autônomos, o Departamento de Veículos Motorizados afirmou que "temos um processo de licenciamento em vigor para garantir a segurança pública, durante os testes dessa tecnologia. Vinte fabricantes já obtiveram licenças para testar centenas de carros nas estradas e ruas da Califórnia. O Uber fará o mesmo".

Mesmo assim, até a sexta-feira passada o Uber continuava desafiando as normas. A empresa anunciou que não tinha intenção de encerrar seus testes e que seus carros autoguiados continuavam na rua, transportando passageiros.

Os dirigentes do Uber afirmaram que, de acordo com a letra da lei californiana, a empresa não necessitava de licença porque o Departamento de Veículos Motorizados definia veículos autônomos como aqueles que operam "sem controle físico ou monitoração ativos por uma pessoa natural".

O Uber afirmou que seu Volvo XC90 modificado como veículo autoguiado requeria supervisão humana e portanto não se enquadrava à definição californiana de veículo autoguiado. Empresas como o Google e a Tesla obtiveram licenças desse tipo.

"A regra simplesmente não se aplica a nós", disse Anthony Lewandowski, vice-presidente do grupo de tecnologias avançadas do Uber em entrevista coletiva telefônica na semana passada. "Você não precisa usar um cinto, um suspensório ou qualquer outra coisa se estiver usando um vestido".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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