Folha de S. Paulo


Unidade já pronta exige cuidado com dívidas

Uma opção atraente para quem quer entrar no negócio de franquias é comprar uma unidade já montada. Mas essa alternativa requer cuidados adicionais.

O novo dono precisa avaliar se o negócio dá retorno e, em caso negativo, se o problema era do antigo proprietário, do ponto ou da rede.

Antes de adquirir um repasse, é necessário ser aceito pela franqueadora, que normalmente cobra uma nova taxa de adesão, royalties e fundo de propaganda. Algumas não permitem a transação, mas há outras que até ajudam na transição.

Para Milena Grahl, 39, dona de uma franquia da 5àSec, a vantagem de comprar o repasse é o início imediato da operação. "Já tem carteira de clientes, ponto, e um histórico de resultados", diz.

Formada em engenharia, ela trabalhava em uma construtora até o ano passado, quando decidiu apostar em um negócio próprio. Apesar da loja já estar montada, Grahl resolveu revitalizar o local, deixando-o com um aspecto mais moderno.

"Agora com a crise, muitas pessoas demitiram a empregada e tem buscado nosso serviço", diz ela, que já planeja novas lojas. Com investimento inicial de até R$ 530 mil, o faturamento mensal de uma franquia da rede varia de R$ 55 mil a R$ 150 mil.

O publicitário Eduardo Magrini Aguiar, 35, percorreu caminho diferente. Sua mãe já atuava no setor de comércio e ele recebeu uma proposta de um franqueado da marca de roupa íntima Intimissimi para comprar um negócio montado. "É muito mais seguro que começar do zero."

Na hora da compra, a dica é pedir toda a documentação para análise: demonstrativos, certificados de débito com a receita e balanços.

De acordo com André Friedheim, diretor da ABF (Associação Brasileira de Franchising), o interessado em fazer a compra pode até pedir para ficar alguns dias dentro da loja e, assim, acompanhar a operação.

Quem não tiver tempo para isso, diz Friedheim, pode incluir na proposta um valor de desconto na parcela do pagamento caso não alcance o nível do faturamento falado.

RISCO

O contrato de compra e venda é o ponto chave na negociação. É por meio dessa ferramenta que o empresário vai evitar passivos trabalhistas e fiscais da antiga gestão.

Caso a venda inclua o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), o processo ocorre como em qualquer outro negócio. É preciso ir até a junta comercial, refazer o contrato social e o aluguel com o dono do ponto. Friedheim afirma que o ideal é evitar esse tipo de transação e abrir uma empresa nova. "É o mais correto e diminui o risco."

A definição do valor do repasse pode ser arbitrada pela franqueadora. Não existe uma regra para o cálculo, que poder ser feito com base no lucro, faturamento ou retorno esperados.

"Mas se o investimento não der retorno em pelo menos metade do prazo contratual, não será interessante", diz Lyana Bittencourt, da consultoria Bittencourt, especializada na área.

Segundo Friedheim, da ABF, o momento econômico é favorável para a compra, pois muitos empresários não têm capital para segurar operações em crise.


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