Folha de S. Paulo


Anunciantes dizem que campanha da UE por privacidade ameaça a internet

Dado Ruvic/Reuters
A man is silhouetted against a video screen with an Facebook logo as he poses with an Samsung smartphone in this photo illustration taken in the central Bosnian town of Zenica in a file photo taken August 14, 2013. Facebook Inc will buy fast-growing mobile-messaging startup WhatsApp for $19 billion in cash and stock, as the world's largest social network looks for ways to boost its popularity, especially among a younger crowd. REUTERS/Dado Ruvic/Files (BOSNIA AND HERZEGOVINA - Tags: BUSINESS TELECOMS) ORG XMIT: TOR903
Google, Facebook e outras plataformas de internet estão diante de novas regras de privacidade

Google, Facebook e outras plataformas de internet estão diante de novas e severas regras de privacidade impostas por Bruxelas quanto à maneira pelas quais elas rastreiam o uso da internet por seus usuários a fim de lhes direcionar publicidade, e o setor teme que elas possam arruinar seu modelo de negócios.

As regras compeliriam sites e browsers como o Google Chrome a obter consentimento dos usuários antes de lhes encaminhar publicidade associada ao seu histórico de navegação, de acordo com um anteprojeto da Comissão Europeia que vazou para a mídia.

No modelo atual de regulamentação, o usuário tem o direito de solicitar que esses anúncios não lhe sejam encaminhados, mas isso não acontece automaticamente.

O braço executivo da União Europeia também reforçará seu controle regulatório sobre serviços como o WhatsApp e o Skype, como parte de uma reformulação de sua diretriz sobre "privacidade eletrônica", que regulamenta toda espécie de atividade, de rastreamento on-line a e-mails de marketing.

Tudo isso é parte de uma tentativa mais ampla, por Bruxelas, de regular mais estreitamente os grandes grupos do Vale do Silício.

A União Europeia está em meio ao processo de atualizar suas normas de proteção de dados e direitos de propriedade intelectual. Ela lançou investigações antitruste sobre o Google e ordenou que a Apple pagasse ao governo irlandês bilhões de euros em impostos sonegados.

Empresas que violem as regras enfrentam multas de até 4% de seu faturamento mundial, o que pode significar valores de bilhões de euros para as maiores delas. O anteprojeto não é final e ainda pode mudar.

Os anunciantes on-line dizem que as propostas prejudicariam todo o modelo de negócios da internet. "Isso é muito preocupante, é colocar em risco toda a internet como a conhecemos", disse Yves Schwarzbart, diretor de políticas públicas e questões regulatórias no internet Advertising Bureau do Reino Unido.

"Nossa maior preocupação é a necessidade de solicitar consentimento prévio. A publicidade é o que banca a internet e ajuda os provedores de conteúdo a melhorá-lo. Todo esse modelo pode ser solapado".

Outro aspecto das propostas é que serviços que ofereçam mensagens de texto ou telefonemas via internet venham a ser tratados de acordo com as regras aplicadas ao setor de telecomunicações. Isso limitaria a maneira pela qual esses serviços podem usar dados, por exemplo a localização de um telefone.

As propostas vieram depois de pesado lobby pelas empresas de telecomunicações, que argumentam que grandes empresas como o Facebook, dono do WhatsApp, e a Microsoft, dona do Skype, se beneficiam indevidamente de um regime regulatório frouxo.

"Acreditamos que isso venha a ser muito prejudicial ao futuro digital da Europa", disse um executivo de uma grande empresa de tecnologia, que pediu que seu nome não fosse mencionado.
Facebook e Google se recusaram a comentar.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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