Folha de S. Paulo


Banco do Brasil espera economia de R$ 2,9 bi ao ano com reestruturação

Bruno Santos/Folhapress
Fachada do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, em São Paulo
Fachada do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, em São Paulo

Se 9.000 funcionários aderirem ao plano extraordinário de aposentadoria anunciado pelo Banco do Brasil, a instituição financeira terá uma economia anual de R$ 2,13 bilhões ao ano. A reestruturação anunciada pelo banco também inclui fechamento de agências e um conjunto de medidas para reduzir despesas que abaterá custos em outros R$ 750 milhões anuais — totalizando quase R$ 2,9 bilhões.

Se todos os funcionários que se encaixam nos requisitos aderirem, a economia anual do banco poderia chegar a R$ 3,75 bilhões, somando os abatimentos.

O anúncio do plano de reestruturação agradou o mercado financeiro. As ações do Banco do Brasil sobem mais de 5% nesta sessão na Bolsa brasileira.

Com as medidas, o banco espera se adequar às regras internacionais de saúde financeira determinadas pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais), que é uma espécie de banco central dos bancos centrais, já em julho do ano que vem, sem nenhum aporte do Tesouro Nacional.

"O prazo é janeiro de 2019, mas queremos chegar já em julho do ano que vem, por razões prudenciais", afirmou Paulo Caffarelli, presidente da instituição, em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira (21). "Para isso, temos que melhorar rentabilidade e cortar despesas".

BB e os concorrentes -

A instituição financeira informou que quer reduzir 9.300 postos de trabalho, dos 109 mil existentes hoje, para funcionar com mais eficiência. Pretende fazer isso através de um plano de incentivo à aposentadoria que envolve pagamento de 12 salários e indenização pelo tempo de serviço que varia entre 1 e 3 salários, dependendo do tempo de banco do funcionário.

O prazo de adesão é 9 de dezembro deste ano.

Hoje, 18 mil funcionários se encaixam nos requisitos para aderirem ao plano —mais de 50 anos de idade e 15 anos de casa. O banco divulgou algumas simulações sobre o quanto poderia ser economizado, dependendo da adesão: se 5 mil aderirem, a economia seria de R$ 1,18 bilhão anuais, se todos resolverem se aposentar, a economia seria de R$ 3 bilhões anuais.

Se a metade decidir pela aposentadoria, que é o objetivo do banco com o plano, a economia anual seria de R$ 2,13 bilhões por ano, o que também ajudaria o Banco do Brasil a reduzir o custo de R$ 3 bilhões a mais com pessoal que possui em relação aos bancos privados.

ENXUGANDO A MÁQUINA - Estatais elaboram programas para desligamento de funcionários

Se o plano de incentivo à aposentadoria não atingir os 9,3 mil postos de trabalho, o banco planeja esperar que essa meta seja alcançada naturalmente, já que entre 150 e 200 funcionários deixam a instituição todos os meses, em média. O Banco do Brasil estima que teria um custo de R$ 2,7 bilhões se todos os funcionários aderissem ao programa, valor que seria diluído nos custos do banco em sete meses.

Também para reduzir gastos com pessoal o banco ampliou para assessores de direção, superintendentes e órgãos regionais, um universo de 6 mil funcionários, um plano de 2013 que oferece benefício ao funcionário em troca de redução de jornada de 8 horas para 6 horas.

A principal vantagem para quem aderir ao programa é o aumento de 12% no valor pago pela hora trabalhada. De 2013 para cá, esse programa, que foi oferecido para 24 mil funcionários de salários mais baixos, significou uma economia de R$ 410 milhões por ano. "Desses 24 mil funcionários, 71% já fazem jornada de seis horas", disse o presidente do banco.

AGÊNCIAS

Somam-se a essas ações na área de redução de gastos com pessoal os R$ 750 milhões que a instituição prevê economizar todos os anos com o fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento, entre outras medidas.

Desse montante, R$ 450 milhões serão economizados com o enxugamento da estrutura organizacional e R$ 300 milhões com redução de gastos com transporte de valores, segurança e despesas com os imóveis.
"Não deixaremos de atuar em nenhum município em que o Banco do Brasil já está", disse Caffarelli.

No total, são 781 agências, de um total de 5.430, que deixarão de existir —o que corresponde a 14% do total. Dos pontos fechados, 379 serão convertidos em postos de atendimentos, uma versão menor e mais barata de servir ao cliente. As outras 402 serão desativadas, somando-se a outras 51 agências que começaram a ser fechadas em outubro.

De acordo com o executivo, a ideia é que todos os funcionários das agências que serão fechadas sejam realocados, se possível no mesmo município.

A principal diferença entre agências e postos de atendimento é que na primeira existe um gerente geral, e no posto de atendimento, não.

"Ou seja, no posto de atendimento há uma complexidade administrativa menor", disse Paulo Roberto Lopes Ricci, vice-presidente de distribuição de varejo e gestão de pessoas do Banco do Brasil.

Em comunicado ao mercado, o banco diz que a rede de atendimento será reorganizada para adequá-la "ao novo perfil e comportamento dos clientes" e que não comprometerá a presença do BB nos municípios em que atua. As mudanças devem ocorrer ao longo de 2017.

A instituição tem hoje mais agências que seus concorrentes, incluindo o Bradesco, que soma 5.337 pontos após a incorporação do HSBC, em julho deste ano. O Bradesco fechou a compra do braço brasileiro do HSBC em agosto do ano passado.

Também serão enxugadas 31 superintendências regionais, e três diretorias serão extintas, com funções redistribuídas para outras áreas.

ATENDIMENTO DIGITAL

Na contramão do fechamento de grandes agências, o BB planeja abrir, nos próximo ano, 255 agências digitais. A expectativa é atender 4 milhões de clientes nesse sistema —hoje são 1,3 milhão da alta renda.

Esse novo modelo de atendimento, voltado a clientes que quase não vão ao banco, também está em adoção pelas demais instituições.

Outro foco de investimento dos bancos está nos aplicativos para celular.

Segundo o BB, 40% das transações bancárias já são feitas pelo smartphone, enquanto outros 27% são via internet banking.

A tendência é semelhante nos demais bancos. O celular já é o principal canal bancário do Bradesco, enquanto no Santander, celular e computador respondem por 65% das transações realizadas pelos correntistas. No Itaú, 70% das transações são feitas pelos canais digitais.

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Mudanças no Banco do Brasil

As mudanças devem ocorrer em 2017

O que será fechado

>> 781 agências, sendo que 379 serão convertidas em postos de atendimentos. Outras 51 agência já foram fechadas

>> 31 superintendências regionais serão fechadas

>> 3 diretorias, que terão funções redistribuídas

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O que fazer

>> A migração de clientes atendidos em agências fechadas será automática

>> Não haverá mudança de cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta

>>O banco vai comunicar a mudança via site, SMS, aplicativo para celular, caixa eletrônico, correspondências e cartazes nas agências

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Programa de aposentadoria

>> 18 mil funcionários que já poderiam ter se aposentado terão incentivo para deixar o banco


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