Folha de S. Paulo


Empresas presididas por mulheres têm mais mulheres na diretoria, diz estudo

Ter uma mulher no comando torna mais provável que uma empresa conte com mais mulheres no conselho e na diretoria, de acordo com uma nova pesquisa.

A companhia de recrutamento executivo Spencer Stuart, que compila um relatório anual no qual revisa a governança das maiores empresas britânicas de capital aberto, constatou que há número significativamente maior de mulheres nos conselhos ou diretorias executivas de empresas nas quais uma mulher seja presidente-executiva ou presidente do conselho.

A proporção de mulheres servindo nos conselhos das 150 maiores companhias britânicas de capital aberto chegou a 29,9%, ante 17,5% em 2011.

Dos seis conselhos presididos por mulheres, em empresas como a Shire, Land Securities e St. James Place, pouco menos de 40% dos postos são detidos por mulheres. Em empresas nas quais mulheres ocupam o comando executivo, 35,4% dos postos de diretoria executiva são ocupados por mulheres.

Em 2016, 30% dos postos de conselho nas empresas pesquisadas eram ocupados por mulheres, mas apenas 8% dos postos de diretoria executiva,

Os dados sustentam a preocupação persistente de que a indicação de mais mulheres para conselhos não parece influenciar muito o desequilíbrio entre os sexos, no que tange aos postos executivos de primeiro escalão.

Will Dawkins, que comanda a divisão de conselhos da Spencer Stuart, disse que os presidentes-executivos precisam estar "verdadeiramente engajados" quanto à questão. "As práticas de trabalho estão sendo transformadas, mas ainda resta muito a avançar", disse Dawkins.

Na semana passada, a organização Women on Boards UK anunciou como meta que um terço dos conselhos das 350 maiores empresas britânicas de capital aberto sejam formados por mulheres até 2020, e uma meta de um terço dos postos de diretoria executiva de empresas que constam do índice FTSE 100, para o mesmo período.

Em 2011, a Revisão Davies estabeleceu uma meta de 25% de participação feminina nos conselhos das empresas do FTSE 1000 até 2015.

De acordo com a Spencer Stuart, 62 empresas haviam atingido essa meta, até 2016.

ESTRANGEIROS

As pesquisas da empresa também constataram que um terço dos membros de conselhos e diretores executivos das 150 maiores empresas de capital aberto do Reino Unido eram estrangeiros, ante 27% em 2006.

Três quartos dos conselhos contam com pelo menos um integrante estrangeiro, e o mesmo se aplica a 43% das diretorias executivas.

"Isso reflete o fato de que a maioria das empresas no topo do FTSE tem presença verdadeiramente mundial, e os conselhos há muito compreendem a importância de ter membros com conhecimento e experiência em mercados estratégicos", afirma o relatório de pesquisa.

Um quarto dos presidentes-executivos nesse grupo de empresas são estrangeiros, e o mesmo se aplica a 17% dos presidentes de conselho. Quinze empresas têm estrangeiros tanto como presidente-executivo quanto como presidente de conselho.

Dawkins disse que era improvável que a saída britânica da União Europeia reduzisse o escopo internacional das 150 maiores empresas britânicas de capital aberto, e com ele a necessidade de especialistas estrangeiros como parte das diretorias e conselhos nacionais.

Apenas 23 dos diretores e conselheiros das 150 empresas pesquisadas são negros, asiáticos ou representantes de outras minorias étnicas, o que responde por 1,6% do total de diretores e conselheiros. Outros 50 diretores e conselheiros são membros de minorias étnicas mas não cidadãos britânicos.

A questão de uma representação étnica mais ampla passou a receber maior atenção com a publicação do relatório de Sir John Parker sobre diversidade nos conselhos, este mês.

Apenas nove negros detém postos de presidência executiva ou do conselho entre as empresas do FTSE 100, e mais de metade delas não contam com nenhum diretor ou conselheiro minoritário.

O fim dos Jogos Vorazes: candidatos excessivamente competitivos serão rejeitados

Dois dos principais líderes empresariais britânicos disseram que comportamento do tipo "Jogos Vorazes" não deve ser tolerado da parte dos aspirantes a postos de presidência executiva.

Philip Hampton, presidente da companhia farmacêutica GSK, disse que os filmes distópicos da série "Jogos Vorazes", voltados ao público adolescente —nos quais participantes matam os adversários derrotados em competições—, se tornaram um modelo infeliz para o planejamento de sucessões no comando de empresas.

Mas bons conselhos não deveriam tolerar "mau comportamento" da parte de candidatos à sucessão, disse Hampton.

Enquanto isso, David Roberts, presidente do conselho da sociedade de crédito imobiliário Nationwide, disse que "uma parte essencial [do processo de sucessão] é a compreensão muito clara, da parte de todos o envolvidos, de que qualquer forma de comportamento destrutivo ou excessivamente competitivo será garantia de desqualificação".

Os comentários deles surgiram como parte de um debate sobre como planejar para o caso de demissões inesperadas nos altos escalões executivos. A troca de opiniões online, organizada pela FT City Network, estava relacionada à incerteza surgida recentemente quanto à permanência de Mark Carney como presidente do Banco da Inglaterra.

Diversos líderes empresariais afirmaram que o planejamento de sucessões deveria ser levado mais a sério, e alguns afirmaram que o risco de comportamento agressivo e competitivo da parte dos candidatos a uma promoção poderia valer a pena.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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