Folha de S. Paulo


Airbnb amplia negócios e se prepara para lançar passeios em SP e no Rio

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Reprodução do site do Airbnb
Reprodução do site do Airbnb

O site Airbnb, uma plataforma de hospedagens ao redor do mundo, deu início a seu ambicioso plano de expansão no setor de turismo on-line, acrescentando a seus negócios passeios customizados pagos, guias especializados gratuitos e reserva de mesas em restaurantes. Compra de passagens de avião e aluguel de carros são os próximos passos, num futuro breve.

A nova ferramenta "Experiências" já conta com cerca de 500 passeios de um ou três dias em 12 cidades, como Havana, Paris e Nairóbi, com preços que podem variar de US$ 99 a US$ 600, incluindo 20% de taxa do Airbnb (o site cobra 3% dos anfitriões que recebem hóspedes).

São Paulo e Rio, quarto maior mercado da empresa americana, estão entre as 40 próximas cidades que vão poder solicitar listagem de tours.

"Estamos estruturando um processo para as pessoas submeterem seus passeios, vamos anunciar ainda neste ano", disse à Folha o diretor-geral do Airbnb no Brasil, Leonardo Tristão, num evento de três dias que o site realiza em Los Angeles, com palestras de executivos, celebridades e shows diversos.

"Queremos saber o que as comunidades têm em mente. Vamos fazer uma curadoria, entrar em contato, estruturar a experiência."

Entre os passeios possíveis em Miami, por exemplo, há três dias com um mergulhador pela Florida Keys ou um dia com um artista por estúdios locais. Entre os guias gratuitos, que podem ser lidos ou ouvidos, há as praias favoritas do surfista Kelly Slater na Califórnia ou um passeio pelo centro histórico de Los Angeles.

"Queremos resgatar a mágica das viagens através de personalização. E vejo uma quantidade muito grande no Brasil, vejo potencial de até mesmo aumentar a fatia do turismo com isso", continuou o executivo, que tem passagem pelas sedes brasileiras do Google e Facebook.

Assim como outros negócios de economia compartilhada, o Airbnb enfrenta obstáculos em algumas cidades do mundo em razão de regulamentações. Dois dias antes do anúncio da expansão do Airbnb, San Francisco, sede da empresa, decidiu impor um limite para anfitriões receberem hóspedes por apenas 60 dias ao ano. No Brasil, no entanto, Tristão diz que a realidade é outra.

"Cada cidade tem sua questão específica e não podemos generalizar. No Brasil, estamos amparados pela lei. Aluguel por temporada é uma coisa que está na cultura do brasileiro. A gente só deu escala a isso", disse Tristão, acrescentando que 2016 foi o melhor ano da empresa no país.

Durante os Jogos Olímpicos, no qual o site foi parceiro oficial, 85 mil pessoas se hospedaram com a ferramenta durante os 15 dias de evento, no Rio, ante 100 mil em 30 dias e 12 cidades durante a Copa do Mundo.
"O brasileiro finalmente descobriu o Airbnb. Já temos um movimento superinteressante para a alta temporada até o Carnaval."

Antes do Airbnb, onde está faz pouco mais de um ano, Tristão trabalhou por quatro anos no Facebook, também como diretor-geral. Capixaba formado em engenharia pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG), ele morou seis anos na Califórnia, onde trabalhou para a Ericsson antes de voltar ao Brasil para ser um dos primeiros funcionários da operação do Google no país.

"O grande papel das operações dessas empresas nos vários mercados no mundo é realmente fazer a tradução da mensagem da proposta de valor do modelo de negócio. Porque essas empresas trabalham na fronteira da inovação, e cabe a nós fazer esta interlocução, essa tradução", disse, citando como exemplo o boleto bancário, algo que só existe para hóspedes no Brasil. "Você pensa nessas empresas de tecnologias e pensa global, é difícil pensar em customização. Mas essas coisas são muito importantes para ganhar tração num novo mercado."

Desde sua criação, em 2008, o Airbnb já registrou mais de 140 milhões de hospedagens em 191 países, sendo metade apenas nos últimos 12 meses.

Paris, principal mercado seguido de Londres e Nova York, tem 80 mil acomodações disponíveis, ante 110 mil em todo o Brasil.


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