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Com manifesto, presente artesanal ganha impulso na web

Avener Prado/Folhapress
Canecas criadas e vendidas pela designer Victória Zayat
Canecas criadas e vendidas pela designer Victória Zayat

De um lado, a busca por novas fontes de renda. Do outro, o interesse por um consumo mais sustentável. O Natal deste ano promete ser movimentado para os artesãos, na medida em que cresce o incentivo às compras diretamente de quem produz.

Esse movimento ganhou forma no fim de 2013, quando a plataforma de e-commerce Tanlup lançou o manifesto "Compro de quem faz."

Cecilia Chiarini, 34, proprietária do Empório Coralina, de sabonetes artesanais, participou do manifesto. "Nosso intuito era incentivar e valorizar o trabalho do artesão, principalmente nessa época de Natal, que é a mais importante do ano para nós."

Segundo Chiarini, as vendas de novembro equivalem à soma dos seis melhores meses do ano em seu negócio.

Já a designer Victória Zayat, 25, criou a Ócio e Café, de canecas decoradas. Nos pontos de venda físicos, nas lojas Endossa, ela espera que as vendas tripliquem.

"A mensagem de comprar de quem faz tem força. Hoje o público cresceu e muitas pessoas deixam de comprar no shopping e vão a um bazar de economia criativa."

A dificuldade, afirma, é conscientizar as pessoas sobre o valor do artesanato. "Sempre vejo pessoas dizendo que comprariam uma peça parecida por menos em uma grande loja. Mas cada pequeno detalhe tem um grande custo para o artesão."

CONCEITO

Para Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae-SP, quem quer empreender no setor precisa de planejamento, principalmente no Natal. "É preciso primeiro avaliar qual é a habilidade do artesão, analisar esse mercado e fazer um planejamento financeiro. Artesanato é algo em pequena escala. Se cresce muito, sai do conceito", diz.

Limitar o número de pedidos para não deixar a qualidade cair e avaliar o histórico de vendas são boas opções no Natal, afirma o consultor. "Se você tem um produto que é o seu carro-chefe, você pode elevar seu preço de venda para ter uma margem maior e suprir a necessidade de vender em grande escala."

Para Nagamatsu, a crise deve aumentar o número de artesãos no Natal deste ano. Cecilia Chiarini diz notar o aumento da concorrência.

"É bom ter mais gente trabalhando, isso estimula o discurso de comprar diretamente de quem faz. O lado negativo é que muita gente está despreparada, a qualidade cai e, às vezes, os preços também."


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