Vendas em alta, mas também custos e concorrência maiores. Num ano de crise, os empreendedores devem planejar ainda mais suas vendas durante o Natal para lidar melhor com os riscos e oportunidades do período.
Proprietária da Namazu Pesca Esportiva, Luciene Velluto, 33, negocia pagamentos desde o início do ano e faz uma análise de histórico antes de abastecer seu estoque. Ela diz que o pico das vendas ocorrem no final do ano, por conta do Natal e das férias.
"Tentamos postergar os pagamentos de todas as compras para o fim do ano. Além de uma análise do histórico dos anos anteriores, fazemos pesquisas em feiras especializadas antes de decidirmos o que e o quanto comprar. Por exemplo, as linhas de molinetes que mais são vendidas no Natal são as mais baratas, porque atendem ao pescador de fim de ano", afirma.
Ela também monitora as vendas diariamente e procura encaixar promoções em datas específicas, como o pagamento do 13º salário.
A consultora financeira e professora da Trevisan Escola de Negócios, Simone Costa, afirma que as projeções de vendas no Natal deste ano são tímidas (a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas aponta queda de 5% em relação ao Natal de 2015) e, por isso, o empreendedor deve pensar em produtos e serviços mais em conta.
REDES SOCIAIS
As vendas no Natal representam 40% do total no ano para o e-commerce Francisca Joias, de joias e acessórios. Por isso, o planejamento de Natal é elaborado no começo do ano. O estoque é feito a partir de históricos e também de muita pesquisa com clientes, ao longo do ano, por redes sociais e e-mail.
As ações para as vendas começam em setembro. "As embalagens especiais já estão preparadas", diz a empreendedora Sabrina Nunes.
Parte do faturamento do Natal também é reservado para as despesas da empresa ao longo do ano, quando as vendas ficam mais lineares.
Também muito solicitado nas festas de fim de ano, o setor de alimentação lida com duas características que exigem preparação: produção rápida e estoque perecível.
No restaurante Cozinha com Z, na Vila Madalena, em São Paulo, os sócios Zeca Amaral, 58, e Virna Miranda, 45, começaram a preparar o Natal três meses antes, com pesquisas junto a clientes para elaborar os menus e tipos de evento. Depois, alinham as informações com fornecedores para encontrar os produtos e negociar preços.
Para Oswaldo de Almeida Júnior, consultor do Sebrae-SP, é melhor esperar um pouco antes de começar as promoções, já que o consumidor brasileiro tende a deixar as compras para a última hora.
Para a professora Simone Costa, o Natal pode ser uma "armadilha" caso o empresário só pense na receita futura. "O cenário atual exige ainda mais sangue frio. Inclusive para adotar estratégias para aguentar possíveis resultados ruins", afirma.
Ela sugere, por exemplo, ter um estoque mínimo, fazer compras consignadas ou coletivas para negociar em cima do volume.
Os consultores do Sebrae-SP Oswaldo de Almeida Júnior e Gustavo Carrer indicam a participação em bazares e feirinhas, ou mesmo na internet, em sites do tipo marketplace, que reúnem vários vendedores, como opção para vender o estoque parado.
"Quanto antes o empresário converter seu estoque em dinheiro, melhor. As mercadorias são perecíveis, passam da moda e a venda fica mais difícil", afirma Carrer.
CONHEÇA DICAS PARA TURBINAR VENDAS EM DEZEMBRO
Diversifique
Com a crise, vale também ter à venda produtos e serviços mais em conta, que caibam no bolso de seu cliente
Parcele
Quando possível, ofereça formas de pagamento flexíveis, como um número maior de parcelas ou em datas futuras
Calcule
Saiba qual será o capital de giro necessário. O Sebrae oferece uma planilha gratuita
Barganhe
Negocie com seus fornecedores descontos no volume comprado ou nas condições de pagamento,
para que casem com as vendas
Pesquise
É primordial conhecer as tendências da época para elaborar um bom mix de produtos para seu público
Compare
Conheça o histórico de vendas de sua loja antes de fechar o estoque, levando em conta entradas, saídas e custo médio do produto
Analise
Faça a chamada "análise da curva ABC", com giro dos itens em estoque, sua lucratividade e qual quantidade de cada item vendido pela loja