Folha de S. Paulo


Policiais reprimem manifestantes e até colegas de farda em protesto no Rio

O protesto organizado nesta quarta (16) por servidores contra o pacote de ajuste proposto pelo governo do Estado do Rio, na porta da Assembleia Legislativa do Rio, teve cenas nunca vistas na cidade.

Policiais civis e militares, bombeiros, agentes penitenciários, servidores da educação e da saúde, entre outras categorias, foram reprimidos com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo pela PM.

Funcionários da área de segurança pública, que na semana passada ocuparam o prédio da Assembleia sem encontrar resistência da polícia, foram reprimidos desta vez.

A Assembleia estava cercada e os ânimos, exaltados. Um grupo de bombeiros, agentes penitenciários e servidores da educação derrubou no início da tarde as grades instaladas para proteger o prédio, dando início à reação da polícia.

Policiais de folga que participavam do protesto discutiam com seus colegas de profissão, tentando dissuadi-los a continuar a lançar bombas.

Dois policiais do Batalhão de Choque abandonaram seus postos e deixaram o protesto. Procurada, a PM não informou se eles serão punidos por descumprirem as ordens dos seus superiores.

A corporação afirmou que primeiro analisará os vídeos que circularam nas redes sociais, mostrando os policiais sendo saudados por manifestantes ao deixar seus postos.

PMs abandonam cerco no Rio

A polícia usou a cavalaria e um blindado que lança jatos d'água para dispersar os manifestantes, que se reagrupavam em ruas do centro e voltavam para a frente do prédio, sem conseguir invadi-lo.

Os funcionários públicos revidaram às bombas com pedras e latas. Um grupo de bombeiros ensaiou avançar sobre um grupo do Choque na Rua da Assembleia. Foram desencorajados por PMs e policiais civis que protestavam.

Um policial militar discursou no alto do carro de som, afirmou estar armado e pediu calma aos colegas de farda.

Dentro da Assembleia, o clima ficou tenso entre deputados e assessores que estavam no prédio quando as grades foram derrubadas. Servidores prometem nova manifestação para a sexta (16).

O protesto também exibiu divisões. Embora o movimento tenha direção única, há divergências entre os grupos. Servidores da segurança se posicionaram contra os da educação que carregavam uma bandeira do PSTU.


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