Folha de S. Paulo


Líder na exportação de carne, JBS vai importar corte gourmet

Diego Giudice/Bloomberg
Empregados na fábrica da Swift & Co., da JBS, em imagem de 2011
Funcionários na fábrica da Swift & Co., da JBS, em imagem de 2011

Sexta maior exportadora do país, a JBS quer investir agora na importação. A ideia da companhia, que lidera as vendas de carne bovina ao exterior, é ofertar cortes especiais de importados diretamente ao varejo, aproveitando o crescente interesse dos brasileiros pelos chamados produtos "premium".

De início, chegarão às prateleiras dos supermercados brasileiros cortes de carne feitos nos Estados Unidos. Mas já está definida na expansão do portfólio a oferta de carnes de outros países em que há operação, como Austrália.

A decisão de ampliar os investimentos na área veio em definitivo com a abertura do mercado norte-americano para a carne brasileira, oficializada em agosto.

O acordo teve como efeito a abertura do mercado local para a carne produzida por lá. Os executivos da JBS consideraram que era possível lucrar nas duas pontas, já que a empresa domina a produção de carne bovina no Brasil e nos Estados Unidos.

Ainda está sob análise a criação de uma marca específica para os importados da JBS, que é dona no Brasil de Friboi e Seara.

A empresa já mantém uma operação parruda de im
portação, apesar de ser pouco conhecida. Aproximadamente 2.000 toneladas de alimentos -entre carnes, vegetais e peixes- são trazidas do exterior todos os meses.

A distribuição, porém, é limitada e atende principalmente a restaurantes.

É comum que os donos desses estabelecimentos comprem a carne brasileira e, conforme se tornam clientes, solicitem o fornecimento de outros tipos de produto. Com isso, a JBS tornou-se, por exemplo, uma das maiores importadoras de batata congelada, com 6.000 toneladas ao ano.

GOSTO DO FREGUÊS

Uma diretoria específica para tratar do novo negócio foi criada. O plano é impulsionar as vendas de importados no Brasil e, ao mesmo tempo, tornar a JBS mais seletiva.

"Colocaremos o menor esforço possível no que não for carne", diz Artêmio Listoni, diretor da divisão de carnes.

No mês passado, executivos foram ao Estado do Colorado (EUA) acertar os formatos dos cortes.

As carnes passarão por um processo especial antes de
serem remetidas ao Brasil, onde os consumidores têm predileção por cortes mais uniformes.

De início, serão enviados cortes de churrasco tradicionais: picanha, maminha, fraldinha, alcatra completa e costela.

Segundo a JBS, as vendas começarão "em breve". No momento, a empresa está na fase final de organização de documentos e procedimentos de rotulagem.

DE NICHO

Por ter fábricas em 18 países, a JBS é a empresa em melhor posição para explorar o filão de importados, ainda considerado de nicho.

O Brasil é um dos maiores consumidores de carne bovina do mundo, mas a produção estrangeira tem só 0,5% do mercado.

"Temos esse espaço quase inexplorado no segmento gourmet, que é atendido pelos importados. Os produtores brasileiros começaram a investir recentemente", diz Antonio Camardelli, presidente da Abiec, que representa os exportadores de carne.

Para dar fôlego às vendas, a JBS aposta na sua rede de consumidores. São 96 mil estabelecimentos credenciados. Pelo menos 65 mil fazem pedidos todos os meses.

RAIO-X - JBS

Faturamento: R$ 160 bilhões
Produção: carne bovina, suína, ovina e de frango, couro, biodiesel e outros
Número de funcionários: 230 mil
Presença: Brasil e outros 21 países
Marcas: Seara, Friboi, Swift, Pilgrim's Pride, Moy Park e outras
Principais concorrentes: BRF, Minerva


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