Folha de S. Paulo


Escritórios e bancos viram noites para cumprir prazo da repatriação

Marcos Santos/USP Imagens
Novo economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, atribui parte da crise à alta dos juros
Prazo para repatriação terminou na segunda-feira (31)

Bancos e escritórios de advocacia viraram madrugadas nas últimas semanas para cumprir o prazo de adesão ao programa de repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior, que terminou nesta segunda (31).

O volume de trabalho era tanto que o Ourinvest ofereceu suco e frutas para a equipe envolvida com sua força-tarefa, conta Ricardo Russo, superintendente de câmbio.

O banco parou de receber novas adesões no dia 21 de outubro e mesmo assim os funcionários trabalharam horas extras e finais de semana. Outras operações de câmbio foram suspensas, diz Russo.

"Grandes bancos já não recebiam mais clientes e os médios foram sobrecarregados", diz Roberto Justo, do Choaib, Paiva e Justo Advogados.

Bradesco, Itaú e Santander desejavam suspender novas adesões na primeira quinzena de outubro, mas processaram pedidos até ontem.

Rodrigo Marcatti, diretor do Banco Fator, afirma que "pela expectativa de que pudesse haver mudança de última hora, teve gente que começou a declaração do zero na semana passada."

Quem deixou para a última hora teve problemas com senhas na Receita e com o feriado do funcionário público, na sexta, segundo Luiz Bichara, do Bichara Advogados.

O trabalho nos escritórios se acalmou nos últimos dias. Advogados queriam evitar atrasos na transmissão de informações vindas do exterior.

Fabrício Dantas, sócio do Vinhas e Redenschi, diz as equipes no Rio e em São Paulo brincavam que eles mais pareciam médicos, recebendo ligações de clientes até a madrugada.

"Isso ocorreu por causa das dúvidas levantadas até a reta final, com a expectativa de que o prazo se estenderia e a lei mudaria", diz Dantas.

Enquanto a tensão subia quando o sistema da Receita Federal caía devido à sobrecarga, uma parte da atenção se dirigia à televisão ligada na TV Câmara "como se fosse uma final de Copa".

Por mais de uma vez, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tentou colocar em votação uma alteração na lei, mas não teve apoio político.


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