Folha de S. Paulo


Pré-sal terá investimento de US$ 1 bilhão por ano da francesa Total

Yasuyoshi Chiba/AFP
French oil giant Total CEO Patrick Pouyanne poses for the media after a press conference where a new partnership with Brazilian oil company Petrobras was announced, at Rio Oil and Gas 2016 Expo and Conference in Rio de Janeiro, Brazil, on October 24, 2016. Brazil's Petrobras and France's Total oil companies announced a strategic alliance Monday for upstream and downstream projects as President Michel Temer pronounced Brazil's troubled economy reopened for business. The pact foresees alliances in exploration projects, including in the presale, deep-ocean drilling off Brazil. / AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
O presidente da petroleira francesa Total, Patrick Pouyanné, durante passagem pelo Rio em outubro

Com um orçamento de US$ 1 bilhão por ano para investir em seus projetos brasileiros, a petroleira francesa Total planeja um passo maior no país e abriu negociações para adquirir participação em ativos de gás e energia da Petrobras.

Um acordo nesse sentido foi anunciado na semana passada e, em entrevista à Folha, o presidente da companhia, Patrick Pouyanné, disse que, apesar da crise no setor, não lhe faltarão recursos para apostar em bons projetos.

"A estratégia de uma companhia de petróleo é procurar onde estão as reservas e onde estão os grandes mercados. E o Brasil oferece os dois", afirmou, em entrevista à Folha, durante sua passagem pelo país.
Pouyanné esteve na feira Rio Oil & Gas, onde se reuniu com Michel Temer e assinou o acordo com a Petrobras.

Como tem sido prática entre as petroleiras, reforçou o coro por flexibilização das regras do setor, principalmente sobre o conteúdo local.

"Se falarmos a mesma língua [governo e petroleiras], poderemos encontrar maneiras de investir."

Grande produtora global de gás, a empresa tem interesse em sociedade com a Petrobras nos terminais de importação de gás natural liquefeito (GNL) e em térmicas, ativos que fazem parte do plano de desinvestimento da estatal.

Pouyanné não quis adiantar quais ativos, mas disse que as duas empresas trabalham para anunciar novidades nesse sentido até dezembro.

"O Brasil pode consumir mais gás e vamos nos engajar nesse mercado."

A Total tem 20% do projeto de Libra, a maior área do pré-sal já contratada, e é sócia da Shell em Gato do Mato, também no pré-sal.

A companhia também investe na busca por reservas na Foz do Amazonas, bacia ainda pouco conhecida pelas petroleiras. Vai perfurar o primeiro poço na região em 2017.

Neste momento, porém, a maior parte do orçamento para o país está dedicada a Libra, que começa a produzir, em fase de testes, a partir do ano que vem.

NOVA PÁGINA

Entre 2020 e 2023, o consórcio planeja colocar uma plataforma de grande porte por ano no campo.

"Libra pode representar uma nova página na indústria de petróleo do Brasil", diz Pouyanné, argumentando que será a primeira grande área a iniciar produção desde o início da década, gerando oportunidades para fornecedores e trabalhadores.

Pouyanné diz que os sócios trabalham para que a exploração seja viável a menos de US$ 35 por barril. "É um projeto muito competitivo."

O ano de 2017 também será definitivo para a área e Gato do Mato, que está parada à espera de definições regulatórias.

Parte do reservatório se estende para fora da concessão e será oferecida pelo governo no próximo leilão do pré-sal. O vencedor negociará com os atuais sócios para definir a divisão dos investimentos e dos lucros.

"Já fizemos a descoberta, mas estamos parados [por causa da indefinição sobre os novos sócios]", disse o executivo, adiantando que a Total avalia participar do leilão.

Nos três primeiros trimestres de 2016, a Total acumula lucro de US$ 5,9 bilhões no mundo. A empresa produz 2,4 milhões de barris de óleo equivalente por dia -a título de comparação, a produção da Petrobras é de 3,2 milhões.

A companhia tem uma dívida líquida de US$ 30,5 bilhões, o equivalente a 28% do endividamento da Petrobras.


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