Folha de S. Paulo


Empresas procuram mercado externo para driblar a crise econômica

Esnobado durante anos pela indústria brasileira, o mercado externo foi a rota de fuga encontrada por muitos empresários para tentar sobreviver à recessão no Brasil.

O principal impulso veio da desvalorização do real no início do ano, que barateou os produtos brasileiros, tornando-os mais competitivos fora do país. Nos últimos meses, porém, a moeda voltou a se fortalecer frente ao dólar, gerando incômodo no setor.

"Eu comecei a pensar em exportar carvão quando o dólar estava por volta de R$ 4. Também ouvi dizer que o mercado americano estava bom, tendo consumo", afirma Dauro Xavier Júnior, sócio do grupo Viverplan.

Entre o início do planejamento e o primeiro embarque para o exterior, em junho deste ano, passaram-se oito meses, período em que as cotações do dólar voltaram a cair.

Para se proteger, Xavier Júnior incluiu no contrato de venda uma cláusula estabelecendo que, se a moeda americana caísse muito, ele teria direito a renegociar o acordo.

Entre empresas que já exportavam, a crise deu impulso a novos investimentos.

BUSCANDO MERCADOS - Número de empresas exportadoras, em mil

A empresa de tecnologia Geave exporta desde 2011. Em 2014, ela decidiu abrir um escritório nos Estados Unidos, diz o sócio Luiz Storino Filho.

"A desvalorização do real nos favoreceu porque já tínhamos uma base de clientes que pagavam em dólar. Nosso tropeço foi o timing da expansão", afirma Storino.

O plano de abertura da unidade americana começou quando o dólar estava na casa dos R$ 4,20. Assim, a empresa fez todo o planejamento contando com uma cotação acima dos R$ 4, o que não se confirmou com o tempo.

"Se eu tivesse guardado em real esse investimento que fiz nos EUA, eu teria ganhado a diferença dessa valorização que o Brasil passou nos últimos meses. O resultado do negócio sofreu porque o investimento foi alto", diz.


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