Folha de S. Paulo


Taxa de ocupação atinge pior índice da série, aponta IBGE

O nível de ocupação da população brasileira caiu a 54%, informou o IBGE nesta quinta-feira (27). Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), iniciada em 2012, e representam o pior índice da série histórica.

A população ocupada chegou a 89,8 milhões de pessoas no período. No trimestre anterior (abril a junho), o nível de ocupação era de 5,2%, e um ano atrás, de 5,6%.

"A queda recorde da ocupação é um sinal negativo. Agora é perda efetiva de pessoas que estavam trabalhando e isso é um reflexo dessa crise", disse o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo. "Não temos de forma alguma nenhum sinal de redução da desocupação e a pressão continua muito forte", afirmou.

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,8% nos três meses encerrados em setembro, superior à taxa de 11,3% no período de abril a junho.

Na comparação com o mesmo período do ano anterior, entretanto, a leitura destaca com força a deterioração do mercado de trabalho, pois em 2015 a taxa era de 8,9%.

O número de desempregados, que chegou a 12 milhões, representa alta de 3,8% em relação aos período de abril a junho, o que significa mais 437 mil pessoas desocupadas. Quando se compara com o mesmo trimestre de 2015, o salto é ainda maior: 33,9%, ou mais 3 milhões de pessoas.

O número de empregados com carteira assinada no setor privado somava 34,1 milhões em setembro, queda de 0,9% (ou 314 mil pessoas a menos) em relação ao trimestre de abril a junho. Ante igual intervalo de 2015, havia menos 1,3 milhão de pessoas, redução de 3,7%.

De acordo com o IBGE, o rendimento médio do trabalhador atingiu R$ 2.015 no trimestre encerrado em setembro, leve aumento de 0,9% em relação ao período de abril a junho (R$ 1.997) e queda de 2,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (R$ 2.059).

Já o número de pessoas fora da força de trabalho chegou a 64,6 milhões o número de pessoas também o maior da série histórica.

"Ao olhar a queda na ocupação e na carteira assinada, além do aumento da desocupação, o cenário é complicado e muito desfavorável por estarmos no terceiro trimestre e pela série histórica", disse Azeredo.

"O mercado costumava apresentar algum fôlego (nesse período) para atender às vendas de fim de ano", completou.

Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

Rendimento médio real - Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$

AGOSTO

A taxa de desemprego de 11,8% e o total de 12 milhões de desempregados no trimestre encerrado em setembro são iguais ao resultado do trimestre encerrado em agosto.

A pesquisa de setembro, no entanto, repete dois terços dos dados computados até agosto –por isso os números podem ser semelhantes ou até iguais.

Segundo o IBGE, a melhor comparação é com o trimestre anterior –no caso, de abril a junho.

CAGED

Em setembro, o Brasil fechou 39.282 vagas formais de emprego segundo o Ministério do Trabalho, muito pior que o esperado e afetado pelo mau desempenho nos setores de construção civil e serviços.

O mercado de trabalho só deve dar os sinais iniciais de melhora após o primeiro trimestre do ano que vem, com o aquecimento esperado para a atividade econômica. Mas enquanto isso não se concretiza, a tendência é de piora do quadro de emprego, segundo analistas.

Com Reuters


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