Folha de S. Paulo


Lucro do Santander Brasil cresce 10,3% no 3º tri e atinge R$ 1,88 bilhão

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Fachada da agência bancária do banco Santander, em Nova York (EUA). *** FILE - This Tuesday, Dec. 17, 2013 photo shows a branch of Santander bank, in New York. The Federal Reserve on Wednesday, March 11, 2015 announced it is barring the U.S. divisions of Spain's Santander and Germany's Deutsche Bank from paying any dividends, saying their planning for financial risks is inadequate. (AP Photo/Mark Lennihan, File) ORG XMIT: NYBZ154
Lucro do Santander Brasil cresce 10,3% no 3º trimestre em relação ao mesmo período de 2015

O Santander registrou lucro líquido de R$ 1,884 bilhão no terceiro trimestre do ano, alta de 4,3% em comparação com o trimestre anterior e de 10,3% ante o mesmo período de 2015.

O banco viu suas receitas de crédito e com tarifas crescerem no período, amenizando parte das despesas com inadimplência, que vêm reduzindo o lucro dos bancos brasileiros. O Santander é o primeiro banco a divulgar os resultados do período de julho a setembro.

O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, atribuiu o resultado positivo e acima das expectativas do mercado ao avanço nos serviços à pessoa física. Ele destacou que, com isso, crescem a margem financeira e as receitas com comissões (tarifas de conta-corrente, receitas de cartões e taxas de administração de fundos, por exemplo).

A margem financeira bruta alcançou R$ 8,267 bilhões, alta de 5,9% em relação ao segundo trimestre. Já as receitas com prestação de serviços e tarifas avançaram 3,3% do segundo para o terceiro trimestre, atingindo R$ 3,437 bilhões. Na comparação com o período encerrado em setembro do ano passado, o crescimento foi de 17,8%.

Só as receitas com serviços de conta corrente cresceram 7,1% em três meses, para R$ 673 milhões. As receitas com cartões avançaram 8% de julho a setembro, para R$ 1,033 bilhão.

A carteira de crédito do Santander encolheu 5,6% em 12 meses, para R$ 247,3 bilhões, mas parte do resultado ruim foi atribuído à variação cambial.

No entanto, o banco voltou a expandir a oferta de crédito para pessoa física, mas focado nas linhas de consignado, financiamento imobiliário e cartão de crédito. Os bancos brasileiros vêm recorrendo ao consignado e ao financiamento imobiliário, linhas com garantia, para manter a oferta de crédito com inadimplência controlada durante o período de crise.

A carteira total de pessoa física somava R$ 88,44 bilhões em setembro, alta de 6,8% em um ano e de 1,9% na comparação com o segundo trimestre.

Apesar do avanço já expressivo na carteira imobiliária, Rial afirmou que o banco pretende lançar uma "oferta agressiva" para o segmento, na esteira da queda da taxa de juros. O Banco Central reduziu a taxa básica de juros em de 14,25% para 14% na semana passada. O banco espera que a Selic termine o ano em 13,50%.

O executivo afirmou, ainda, que os bancos devem aproveitar a oportunidade para expandir a oferta de crédito nos próximos meses, repassando essa redução da taxa básica de juros ao consumidor. "Isso começa a estimular a retomada de crédito, que a gente não viu nos últimos 24 meses. Aumenta financiamento de veículos e aumenta a retomada da compra da habitação", disse.

Na contramão, os empréstimos a pessoa jurídica, que alcançaram R$ 125,016 bilhões, encolheram 13,9% em um ano e 0,4% na comparação com o segundo trimestre de 2016. O tombo foi de 15% nas concessões a grandes empresas e de 10% para pequenas e médias empresas.

INADIMPLÊNCIA

O índice de inadimplência acima de 90 dias alcançou 3,5% em setembro, alta em relação aos 3,2% que o banco vinha mantendo há um ano.

O resultado foi puxado pelo segmento de pessoa jurídica, que saltou de 2,2% para 2,8%, reflexo do calote de uma única empresa. Todos os grandes bancos têm registrado aumento da inadimplência e provisão contra calotes devido ao pedido de recuperação judicial da Sete Brasil.

Rial destacou que a reabertura do mercado de capitais deve trazer um alívio para os bancos, já que as grandes empresas terão um novo caminho para refinanciar dívidas. Ele espera operações de abertura de capital (IPO) e ofertas secundárias (quando uma empresa de capital aberto vende novas ações no mercado) ainda no segundo semestre deste ano. Isso aliviaria a demanda por crédito bancário no processo de renegociação.

"No começo do ano, os bancos teriam que ser responsáveis pelo refinanciamento do sistema", disse.

Os calotes do segmento pessoa física recuaram para 4,3%, queda em relação aos 4,4% de junho e aos 4,6% registrados em setembro do ano passado.

Rial destacou o esforço do banco na renegociação de dívidas. Uma das frentes adotadas pelo Santander recentemente foi a abertura da linha home equity para o refinanciamento de quem tem empréstimos mais caros, como cartão de crédito e cheque especial. Nesse tipo de financiamento, pouco divulgado pelo mercado, o devedor dá o imóvel em garantia para obter taxas de juros menores e prazos mais longos de pagamento do débito.

A despesa com provisão contra calotes alcançou R$ 2,84 bilhões, acima dos R$ 2,5 bilhões do terceiro trimestre (crescimento de 12%) e também maior que os R$ 2,45 bilhões apurados no terceiro trimestre do ano passado.

A cobertura da carteira atingiu 198,1% em setembro, crescimento de 13 pontos percentuais em 12 meses, mas queda de 11,2 pontos quando comparado a junho. O banco justificou que o impacto foi de uma única empresa que foi incluída como em atraso acima de 90 dias.


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