Quatro anos depois de cancelar dividendo, em uma decisão histórica, a Telefónica precisa encontrar um equilíbrio para convencer o mercado e agências de classificação de risco sobre uma nova estratégia de redução de endividamento sem cortar a remuneração aos acionistas.
Analistas estimam um fluxo de caixa livre de € 4 bilhões para este ano e ano que vem, mas 60% desse valor vai para dividendos e não parece suficiente para cumprir a meta para 2017 de reduzir a dívida em € 12 bilhões.
A € 0,75 por ação, a Telefónica tem a rentabilidade por dividendo mais alta do índice da Bolsa de Madri Ibex-35, cerca de 8,3%.
Sem tocar na política de remuneração e com um ritmo de investimento atual de cerca de € 9 bilhões por ano, o caixa livre se limita a no máximo € 3,2 bilhões para pagar dívida em dois anos.
Apesar de ser um mantra da companhia, as recentes dificuldades e a situação dos mercados podem complicar a estratégia de redução de dívida da companhia —que controla a Vivo no Brasil— e pode obrigar a empresa a recorrer ao dividendo, a única opção 100% em suas mãos.
"A Telefónica está perfeitamente ciente do compromisso que assumiu, das restrições e da necessidade de manter seu rating. Sobre o dividendo, a empresa tem declarado ao mercado que vai seguir com ele. Parece complicado que alcancem o objetivo sem mexer nele. É muito importante que anunciem antes do final do ano qual será o plano e que ele seja executado antes de dezembro de 2017", disse Carlos Winzer, analista da agência de classificação de risco Moody's, em entrevista à Reuters.
Em comunicado enviado ao regulador do mercado CNMV em julho, o grupo espanhol reconheceu que "se o processo de desinvestimento não for completado, ou se prolongar no tempo, poderia afetar o ritmo de redução de dívida, assim como dificultaria o acesso aos mercados de crédito por parte da Telefónica".
"Mas o grupo tem ativos suficientes para abordar outros planos alternativos de desinvestimento", acrescentou.