Folha de S. Paulo


Governadores devem estar arrependidos, afirma Maia sobre repatriação

Um dos principais fiadores das alterações na Lei de Repatriação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse não estar incomodado com a decisão, após uma série de recuos, de não votar mais o projeto. Para Maia, governadores que não aceitaram as condições do governo devem estar "arrependidos".

"Com certeza [a repatriação] está enterrada. Fazer o quê?", disse o presidente da Câmara nesta quinta-feira (20). "Na vida, quem acha que só vai organizar sua vida com votações favoráveis está enganado", afirmou Maia, completando que não se sente "frustrado nem derrotado".

TETO DE GASTOS PÚBLICOS
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O impasse em torno do valor a partir do qual Estados e municípios passariam a ser contemplados com os recursos advindos do pagamento de multas impediu a votação e o projeto acabou sendo engavetado.

Governadores queriam que o governo aceitasse reduzir de R$ 25 bilhões para R$ 15 bilhões o valor arrecadado com multas a partir do qual haveria compartilhamento com as administrações estaduais e municipais.

"Os governadores hoje devem estar arrependidos", disse Rodrigo Maia nesta tarde. "São R$ 10 bilhões de receitas frustradas por parte de Estados e municípios que não quiseram fazer acordo".

Até esta quarta-feira (19), a arrecadação com multas e impostos pagos com a repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior somava R$ 18,6 bilhões, de acordo com o Ministério da Fazenda. Esse valor é referente a uma regularização de recursos que totalizam R$ 61,3 bilhões, de 9.195 pessoas físicas e 34 pessoas jurídicas.

Com as mudanças, Maia estimava que o governo poderia arrecadar cerca de R$ 100 bilhões. "[Sem as alterações] a arrecadação vai ficar acima dos R$ 50 [bilhões], vai ficar na casa dos R$ 80 bilhões de multa e impostos. Há R$ 18 bilhões já declarados e projeção de mais R$ 60 bilhões", calculou o presidente da Câmara.

Sem a aprovação do projeto, fica mantido em 31 de outubro o prazo para adesão ao programa de repatriação.

Pec dos gastos

PEC DO TETO

Maia pretende votar na terça-feira (25) o segundo turno da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Teto, que estabelece um teto para os gastos públicos, inclusive padra saúde e educação.

A intenção é encaminhar o texto ao Senado na quarta-feira (26). Na Casa comandada por Renan Calheiros (PMDB-AL), a proposta começa a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde deve ser votada no dia 9 de novembro.

O calendário dos senadores prevê o primeiro turno da votação em plenário no dia 29 de novembro. O segundo turno está programado para os dias 13 e 14 de dezembro.

REFORMA POLÍTICA

Na próxima terça-feira (25), deve ser instalada na Câmara a comissão especial que analisará uma nova proposta de reforma política.

Rodrigo Maia disse que, por causa da polêmica do assunto, a reforma será fatiada e apenas uma parte deve ser aprovada neste ano.


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