Folha de S. Paulo


Jornal britânico 'The Independent' volta a ser lucrativo após duas décadas

ADRIAN DENNIS /AFP
Jornal britânico
Jornal britânico "The Independent" voltou a ser lucrativo após mais de duas décadas

Seis meses depois de cortar a edição impressa e se concentrar nas versões digitais, o jornal britânico "The Independent" voltou a ser lucrativo após mais de duas décadas.

Foi o que afirmou seu proprietário, o russo Evgeny Lebedev, em entrevista ao "Financial Times".

Filho do oligarca Alexander Lebedev e morador de Londres desde criança, Evgeny é também dono do "Evening Standard" e do canal London Live e fez uma oferta para comprar o "Telegraph" no início do ano, sem sucesso.

"Sermos rentáveis pela primeira vez em 23 anos traz novas oportunidades", afirmou Levedev, sobre o "Independent", cuja receita com publicidade digital teria crescido 45% em 12 meses.

"Ainda é cedo, mas os primeiros seis meses têm mostrado que, mais ágeis e focados digitalmente, podemos servir melhor ao nosso novo público on-line, muito maior."

Segundo ele, tornar-se só digital no final de março "libertou" o jornal da infraestrutura de impressão, "de difícil controle", e trouxe maior flexibilidade.

De acordo com o "FT", a experiência do "Independent", que reduziu custos com impressão e distribuição e também com a Redação, tem sido "acompanhada de perto" por outros jornais ingleses e ao redor do mundo.

O número de jornalistas caiu para a metade, de cerca de 200 para 100, mas alguns de seus principais profissionais permaneceram, como o correspondente estrangeiro em Beirute, no Líbano, Robert Fisk.

ESSÊNCIA

Segundo Ken Doctor, analista ligado ao Nieman Lab, de Harvard, "sabe-se há algum tempo que jornais só digitais podem alcançar um ponto entre o equilíbrio e o rentável", caso do americano "Seattle Post-Intelligencer", que deixou o impresso em 2009.

A diferença é que em Seattle o jornal se tornou uma "presença menor", enquanto o "Independent" estabelece "um novo patamar" por ser um jornal de âmbito nacional no Reino Unido, "onde a imprensa nacional é tão dominante".

Ele ressalva que os números são por enquanto "intrigantes" e cobra transparência maior. Mas diz já ser possível distinguir o "trade-off", aquilo que o jornal perde com a mudança: "Metade da Redação e grande parte da experiência do velho 'Independent' se foi".

"E esse é o cerne da questão para outros jornais. Eles podem fazer tal mudança e ainda manter a essência do que são, foram e querem ser, para os seus leitores?"


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