Folha de S. Paulo


Clientes que eram do HSBC têm salário atrasado com migração para Bradesco

Alastair Grant/Associated Press
A general view of the HSBC headquarters building in London, Monday, March, 7, 2011. HSBC, Europe's biggest bank, has denied news reports it is planning to move its head office from London to Hong Kong, due to possible banking regulations that may change in Britain and Europe.(AP Photo/Alastair Grant)
Fachada de edifício do HSBC, em Londres

Milhares de pessoas em todo o país estão com os salários atrasados por conta de problemas na migração dos clientes corporativos do HSBC para o Bradesco.

O banco brasileiro enfrenta dificuldades para processar a folha de pagamento de grandes empresas que eram clientes do HSBC.

Em alguns casos, os arquivos enviados pelas companhias não eram compatíveis com a plataforma tecnológica do Bradesco.

O Bradesco comprou a filial brasileira do HSBC em julho deste ano por US$ 5,2 bilhões. Com a operação, o número de clientes subiu de 26 milhões para 31 milhões.

A transferência dos 5 milhões de clientes do HSBC –a maior já realizada pelo Bradesco– ocorreu nos dias 8 e 9 deste mês. Cerca de 140 mil são pessoas jurídicas.

Segundo o Bradesco, quase não houve incidentes na migração das contas das pessoas físicas, mas o banco não soube informar o total de empresas afetadas por problemas.

"Estamos trabalhando 24 horas por dia para resolver a situação e pagar o salário das pessoas. Para o Bradesco, o salário é sagrado", disse à reportagem o vice-presidente do banco Maurício Minas.

O atraso no pagamento dos salários gerou uma onda de reclamações entre os correntistas do antigo HSBC.

A profissional de relações públicas Paula Nunes, 36, diz que os profissionais da empresa em que trabalha (que fazia seus pagamentos pelo HSBC) não receberam seus salários na sexta-feira (14).

Nesta terça-feira (18), um grupo de funcionários da companhia conseguiu solucionar o problema depois de ir pessoalmente até uma agência onde os gerentes faziam as transferências uma a uma.

"Quando ligamos para o banco, pedem que a gente tenha paciência, que estão colocando as coisas em ordem. E como seria se fosse o contrário, se eu ficasse devendo e pedisse paciência?"

Alessandra Assad, professora da FGV, compara os desafios de mudar sua conta do HSBC para o Bradesco com uma "gincana".

Ela conta que tentou habilitar seus cartões pela internet e saiu frustrada: só conseguiu criar uma senha, mas o desbloqueio definitivo só poderia ser feito na agência.

"Eu pago para não ir à agência. Tudo o que posso fazer pela internet, faço lá. Mas eu não iria perder tempo com cadastros on-line se soubesse que teria de ir até lá", diz.

VIAGEM

O jornalista João Brotto, 30, conta que a migração das contas causou transtornos em viagem que faz com a mulher pela Califórnia (EUA) iniciada em agosto.

Ele afirma que, desde o dia 7 de outubro, seus cartões de débito e crédito não permitem fazer pagamentos. A única opção que funciona é o saque, de até US$ 200 por máquina.

"Estamos sacando sempre o máximo que podemos para ter garantia de não ficar sem dinheiro", diz.

Brotto afirma que foi orientado a passar a usar seus novos cartões, que foram entregues em sua casa, em Curitiba. Porém, como ele tem se hospedado em várias cidades diferentes por poucos dias, é impossível conseguir fazer os cartões chegarem até ele, de acordo com o jornalista.

Brotto diz que vai passar por mais três cidades antes de voltar para o Brasil, em 30 de outubro. Sua maior preocupação é conseguir reservar hotéis sem cartão de crédito até lá.

O Bradesco criou uma central telefônica para atender as empresas que estiverem enfrentando dificuldades. O telefone é (11) 3003-1000.


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