Folha de S. Paulo


Burocracia barra entrada de produtos brasileiros na Bolívia

Setores exportadores brasileiros vêm tendo problemas para entrar no mercado boliviano desde agosto.

Em maio, o governo Evo Morales decretou que importações de vestuário, calçados e móveis precisariam de uma licença prévia para entrar no país. A autorização tem duração de 60 dias. Depois desse prazo, deve ser renovada.

A Vulcabras, dona das marcas Azaleia, Dijean e Olympikus, está com cerca de US$ 1 milhão em mercadorias paradas no Brasil por falta de emissão da licença, afirma o gerente de mercado externo Claudiomiro Gregório.

Segundo ele, desde agosto a empresa não consegue autorização para enviar os produtos à Bolívia. A preocupação da empresa é perder a alta temporada de vendas com as festas de fim de ano.

O setor moveleiro também enfrenta problemas com a emissão das licenças. "É uma espécie de barreira não tarifária", diz Cândida Cervieri, diretora-executiva da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário).

A entidade não tem estimativas de quantas mercadorias estariam represadas.

Além do atraso na emissão das licenças, outra crítica dos exportadores é ao prazo de duração de 60 dias, que seria curto demais pensando em uma operação de comércio exterior, que envolve um planejamento mais longo.

Entre janeiro e setembro, as exportações de calçados para a Bolívia caíram 18% em comparação com o mesmo período do ano passado, e as de móveis, 11%. No total, o intercâmbio do Brasil com o país recuou 2%.

Entidades representantes dos setores afetados levaram o problema para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que acionou o Ministério das Relações Exteriores, que afirmou estar tratando a questão com as autoridades bolivianas.

A Embaixada da Bolívia no Brasil não respondeu ao contato da reportagem.


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