Folha de S. Paulo


Bolsa cai 1,05% com exterior, mas dólar tem menor cotação em quase 2 meses

Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
Investidores já esperavam aprovação da PEC do Teto em 1º turno na Câmara

O mau humor predominou nos mercados mundiais nesta terça-feira (11). A queda do petróleo no mercado internacional, o aumento das apostas de alta dos juros americanos em dezembro e a perspectivas de balanços corporativos ruins nos EUA no terceiro trimestre elevaram a aversão o risco. Como resultado, a maior parte das Bolsas caiu pelo mundo e o dólar se fortaleceu.

O cenário doméstico acompanhou o externo, e o Ibovespa caiu mais de 1%. Segundo analistas, o tombo no mercado local só não foi maior por causa da aprovação, em 1º turno na Câmara, da PEC (proposta de emenda constitucional) que limita os gastos públicos.

O dólar passou boa parte do pregão em alta, mas acabou fechando na menor cotação em quase dois meses. O mercado de câmbio refletiu o otimismo dos investidores com a vitória do governo Temer com a PEC do Teto, embora a aprovação na Câmara já estivesse precificada pelo mercado.

A divulgação da ata da última reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), nesta quarta-feira (12) manteve os investidores cautelosos. O mercado busca mais sinais sobre os próximos passos do Fed em relação à política monetária.

Dados econômicos considerados robustos e declarações de dirigentes do Fed pró-alta de juros têm elevado as apostas de uma altas dos juros americanos em dezembro. A probabilidade de aumento das taxas no último mês de 2016 subiu para 67,6%, segundo cálculos da agência Bloomberg, ante 61,2% há uma semana.

BOLSA

O Ibovespa fechou em baixa de 1,05%, aos 61.021,85 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,7 bilhões.

Alfredo Barbutti, analista da BGC Liquidez, avalia que, apesar de a aprovação da PEC do Teto já ter sido esperada pelo mercado, o movimento de realização dos ganhos recentes foi limitado na Bolsa. "O mercado local foi mais influenciado pelo cenário externo. Se fosse para os investidores embolsarem os lucros, a Bolsa deveria ter caído muito mais", afirma.

Na semana passada, o principal índice da Bolsa paulista avançou 4,70%, impulsionado pelo otimismo dos investidores com o avanço das medidas do governo para recuperar a economia. Entre essas medidas, está a aprovação do projeto que desobriga a Petrobras de ser a única operadora do pré-sal. Já havia também a expectativa de aprovação da PEC do Teto, tanto na comissão especial quanto no plenário da Câmara.

As ações da Petrobras perderam 2,16%, a R$ 15,39 (PN), e 2,34%, a R$ 17,07 (ON). Os papéis seguiram o comportamento do petróleo no mercado internacional, um dia após a commodity ter atingido as cotações máximas em mais de um ano. O petróleo Brent, negociado em Londres, recuou 1,4%, a US$ 52,41 o barril, com incertezas do mercado em relação a uma possível adesão da Rússia ao acordo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para limitar a produção.

Os papéis da Vale caíram 1,76%, a R$ 16,69 (PNA), e 2,36%, a R$ 18,60 (ON). No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,34%; Bradesco PN, -0,35%; Bradesco ON, +0,06%; Banco do Brasil ON, -2,27%; Santander unit, -1,36%; e BM&FBovespa ON, -2,39%.

CÂMBIO E JUROS

O dólar comercial terminou em baixa de 0,06%, a R$ 3,2010, na contramão do exterior e na menor cotação desde 16 de agosto deste ano (R$ 3,1950). A moeda americana à vista, que fecha mais cedo, caiu 0,17%, a R$ 3,2078, valor mais baixo desde 8 de setembro (R$ 3,1988).

DÓLAR
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NOTAS DE DÓLAR

"O câmbio foi influenciado pelo cenário externo. Pesaram o balanço ruim da Alcoa nos EUA, a forte queda da libra, o recuo do petróleo e a expectativa de alta dos juros americanos em dezembro", comenta Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

"O mercado doméstico não reagiu com euforia à aprovação da PEC do Teto porque ela já era esperada e foi apenas a primeira de um total de quatro votações no Congresso", acrescenta.

Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso, no montante de US$ 250 milhões.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 12,676% para 12,659% e o contrato de DI para janeiro de 2018 ficou estável, em 12,000%. O contrato de DI para janeiro de 2021 avançou de 12,220% para 12,270%, em um movimento de ajuste, após as recentes quedas.

O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, caía 0,16%, aos 270,562 pontos.

EXTERIOR

Em Nova York, o índice S&P 500 caiu 1,24%; o Dow Jones perdeu 1,09%; e o Nasdaq, -1,54%.

Além da possibilidade cada vez maior de alta dos juros nos EUA, a Alcoa inaugurou a temporada de divulgação de balanços do terceiro trimestre nos EUA reportando resultados fracos, o que acendeu a luz amarela em relação ao desempenho de outras companhias no período. Os papéis da produtora de alumínio recuaram mais de 11%.

Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em baixa de 0,38%; Paris, -0,57%; Frankfurt, -0,44%; Madri, -0,10%; e Milão, -0,95%.

Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve alta de 0,39%. O índice de Xangai subiu 0,56%. O índice Nikkei do Japão teve alta de 0,98%.


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