Folha de S. Paulo


Plano de previdência conservador rende muito pouco, aponta estudo

Marcos Santos/USP Imagens
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Plano de previdência conservador rende muito pouco

Apontados como uma das peças que podem aliviar o sistema previdenciário brasileiro, os planos de aposentadoria privada conservadores vendidos por bancos e seguradoras têm tido rentabilidade inferior à que os clientes conseguiriam se aplicassem diretamente em produtos com baixo risco disponíveis, como títulos públicos.

No longo prazo, o ganho menor pode levar o investidor a demorar mais para se aposentar ou receber uma renda inferior à desejada.

A conclusão é de um estudo da XP Investimentos que analisou a rentabilidade de fundos de previdência conservadores (renda fixa) e mais arriscados (multimercados) nos últimos 12 e 24 meses.

O levantamento tomou como base 524 produtos com patrimônio líquido superior a R$ 30 milhões, ou seja, os maiores da indústria.

Apesar de mostrarem um retrato da situação dos produtos no período, é preciso lembrar que planos de previdência têm como objetivo a aposentadoria; portanto, devem ser encarados como investimento de longo prazo.

Uma parcela dos fundos conservadores analisados investe em títulos públicos pós-fixados (de baixa volatilidade). Outros aplicam também em papéis privados e em ativos com vencimento mais longo atrelados à inflação (alta volatilidade).

Já nos fundos multimercados, o nível de risco varia conforme a aplicação em ações, ativos no exterior ou outros investimentos considerados mais arriscados.

O resultado mostra que só 12 em cada 100 (11,9%) fundos conservadores superou, nos últimos 12 meses, o CDI. A taxa –que é a média dos juros cobrados em empréstimos entre instituições financeiras, hoje em 14,13% ao ano– serve como parâmetro para o retorno de aplicações em carteiras com menor risco.

Quando o prazo é ampliado para os últimos dois anos, só pouco mais de 3 de cada 100 (3,6%) superaram o CDI.

O principal diferencial dos fundos que renderam mais que o CDI foi a taxa de administração inferior a 1%. Na ponta contrária, 46% dos fundos conservadores com ganho inferior ao do indicador de referência cobravam taxas superiores a esse percentual.

"A qualidade da gestão é importante, mas o ponto principal a ser analisado é o custo. Tem uma correlação enorme entre os fundos mais caros e uma performance pior", afirma Gustavo Pires, sócio da XP Investimentos.

A taxa de administração incide sobre o patrimônio dos fundos que é distribuído aos cotistas. Quanto maior a mordida, menos os investidores recebem.


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