Folha de S. Paulo


Otimizar produção e renegociar contrato ajudam empresas a crescer

Marcus Leoni / Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 29.09.216 17h30 Fernando Sommer, socio-fundador do grupo Casa 92, dono da 92 (casa noturna) e Sala Especial (bar de drinks e restaurante). A Sala Especial foi inaugurada em 2015, ja no cenario de crise, e eles investiram R$ 1 milhao e meio no negocio. Agora querem ampliar o negocio com um Beer Garden em que devem investir R$ 1 milhao. (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, ESPECIAIS)
Fernando Sommer, socio-fundador do grupo Casa 92, proprietário de casa noturna, bar com restaurante

O cenário de instabilidade econômica pode preocupar pequenos e médios empreendedores, mas com planejamento financeiro, otimização de custos e seleção de financiamento é possível crescer no ambiente desfavorável.

A loja de comércio eletrônico de móveis e materiais de construção MadeiraMadeira, por exemplo, está finalizando uma rodada de investimentos. "Essa foi mais difícil do que as anteriores, mas olhando bem as oportunidades, não é impossível obter aportes", diz Daniel Scandian, presidente-executivo e fundador da empresa.

O site de comparação de preços de universidades Quero Bolsas também acaba de anunciar aporte da aceleradora Y Combinator. "Em momentos de crise somem oportunidades de investimento. O segredo é ter um produto que seja atrativo mesmo em um cenário como esse", afirma André Narciso, diretor financeiro do Quero Bolsa.

Segundo Renê Fernandes, professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), o momento é de procurar o capital paciente e não o de curto prazo. "A melhor opção costuma ser agências de fomento, que acreditam que o cenário do país pode mudar daqui a dez anos face a um investimento feito hoje."

MAIS COM MENOS

Uma das estratégias para manter o crescimento no cenário de crise é a otimização de processos internos. Foi o que fez o Grupo Casa 92, que tem uma casa noturna e um bar em Pinheiros (zona oeste de São Paulo).

"Profissionalizamos o processo de compras e contratamos mais gente. Antes, tínhamos muitas compras de última hora que saíam muito mais caras", explica o sócio-fundador Fernando Sommer.

O grupo pretende investir R$ 1 milhão em um novo bar que deve abrir em 2017. "É possível investir em um momento de crise, mas é preciso acreditar nos profissionais e fazer melhorias. Há cortes que são burros e não proporcionam nenhuma evolução para o negócio", diz Sommer.

Segundo Gustavo Marques, gerente do Sebrae-SP, o momento de crise serve para avaliar o negócio. "É preciso investir no que torna o seu produto melhor. Não adianta fazer um investimento alto em um software financeiro de primeira linha que não agrega nada", afirma ele.

Para Fernandes, da FGV-SP, é importante não cortar gastos importantes para clientes e funcionários.

"O corte de gastos não pode ser o principal foco. Cortar o café ou outras rotinas do funcionário pode impactar na produtividade da empresa. Já cortar atributos do produto ou diminuir a qualidade da matéria prima pode ser um tiro de pé", afirma.

Esse é o momento de renegociar contratos e melhorar o mecanismo de cobrança sem ter vergonha, completa Marques, do Sebrae.

Segundo ele, a situação também é oportuna para fazer novas contratações. "Tem muita gente boa no mercado procurando emprego, então é hora de fortalecer a equipe para aproveitar o momento bom pós-crise."


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