Folha de S. Paulo


Empresa de Cingapura sócia da Odebrecht quer ficar no Galeão

Diana Brito/Folhapress
Legenda: Argentinos lotam terminal 1 do aeroporto do Galeão, no Rio, nesta segunda-feira (14) de recorde de voos com destino a Buenos AiresCrédito: Diana Brito/Folhapress
Argentinos lotam terminal do aeroporto do Galeão, no Rio

Sócia minoritária no Aeroporto do Galeão (RJ), a Changi Airport informou ao governo que quer continuar no negócio, e a equipe do presidente Michel Temer busca uma solução para atender ao grupo de Cingapura.

O presidente da empresa, Lim Liang Song, está no Brasil em reuniões com representantes do governo apresentando possíveis soluções para que a concessão, que também tem como sócios a Odebrecht Transport e a estatal Infraero, não seja relicitada.

O aeroporto do Galeão, privatizado em 2014, está em dificuldades financeiras. Não pagou a outorga, espécie de aluguel anual pela administração, na data prevista e não conseguiu um empréstimo de longo prazo para bancar os investimentos de R$ 2 bilhões que já foram realizados.

O plano do governo é criar, via medida provisória, lei que permita que as concessionárias que não estão cumprindo com os compromissos, como o Galeão, possam sair da concessão sem receberem algumas punições mais duras previstas no contrato, como ficar impedida de entrar em novas licitações.

Nesse plano, haveria uma nova licitação e a vencedora assumiria a concessão, em novas bases, pagando dívidas já realizadas pela empresa anterior.

Nem a Changi nem a Odebrecht querem essa solução. Elas tentam renegociar o atual contrato, o que o governo não aceita. Sem essa possibilidade, a Changi oferece trazer recursos próprios e novos investidores. Mas para isso tenta conseguir solucionar o problema bancário com o BNDES, o que estaria em fase avançada de negociação, segundo a Folha apurou.

Conta a favor da empresa o fato de o governo querer atrair investidores estrangeiros para as próximas concessões, o que inclui manter a Changi, que fez a maior aposta nas concessões realizadas na rodada passada, investindo no país. Mas ela tenta uma solução rápida já que há mais de um ano o executivo tem vindo ao país sem uma solução para a concessão.

A Infraero, que tem 49% das ações do Galeão, não seria um problema. A empresa, que é dependente do dinheiro da União para fazer investimentos, não tem condições de colocar mais recursos. Na negociação ela poderia ficar com menos ações que tem hoje ou até sair do negócio.

A Odebrecht, que enfrenta dificuldades financeiras devido ao seu envolvimento na Operação Lava Jato, também poderia negociar sua parte (60% dos 51% restantes).

PROBLEMAS DO GALEÃO

A geração de receita do aeroporto do Galeão é menor que seus compromissos com essa outorga, segundo estimativa do governo, que atribuiu o problema ao alto lance dado no leilão pela concessão (R$ 19 bilhões).

Já a Changi aponta que seu plano foi prejudicado pela falta dos empréstimos nas condições prometidas e por despesas não previstas que teve que assumir.


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