Folha de S. Paulo


Americanos fazem 'fazenda vertical' no quarto de hóspede

Matt Roth/The New York Times
Zhanna and Larry Hountz, owners of City-Hydro, a farm built in a spare bedroom on the second floor of their three-story rowhouse, in Baltimore, June 23, 2016. Consumer demand for locally grown food and the decreasing price and improved efficiency of LED lighting is driving the creation of more so-called vertical farm start-ups. (Matt Roth/The New York Times ORG XMIT: XNYT114 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Zhanna and Larry Hountz no quarto usado como plantação em Baltimore (EUA)

A fazenda de Dan Albert nada tem de tradicional. Não há prados pitorescos e verdejantes, nem tratores arando o solo; não há uma casa de fazenda ou um celeiro pintado de vermelho. Aliás, a fazenda não tem nem mesmo terra, ou luz solar.

A Farmbox Greens ocupa uma garagem para dois carros que fica atrás da casa de Albert em Seattle. O espaço tem 54 m² e está ocupado por microverduras cultivadas em bandejas empilhadas verticalmente sob luzes de LED.

A capacidade de cultivá-las em espaço tão limitado depende da hidroponia, um sistema no qual as raízes das plantas não estão fincadas na terra, mas pendem em uma solução de água com nutrientes.

As microverduras podem crescer da semente à colheita em menos de duas semanas. Isso permite à Farmbox Greens concorrer em preço contra produtos entregues por produtores distantes. "Nosso produto é mais fresco e nossas verduras duram de 20% a 30% a mais que as cultivadas fora da área", diz Albert, que opera a horta em parceria com sua mulher.

A receita da operação é de menos de US$ 500 mil (R$ 1,63 milhão) ao ano, mas em 2014 gerou lucros suficientes para permitir que Albert deixasse seu emprego como paisagista e passasse a trabalhar em tempo integral no cultivo. Ele agora tem três funcionários e vende seus produtos a restaurantes e feiras locais.

A demanda dos consumidores por alimentos locais e a queda no preço e aumento da eficiência da iluminação por LED está levando à criação de mais empresas no ramo das fazendas verticais, disse Chris Higgins, editor do "Urban Ag News", boletim que acompanha o segmento.

Os custos da energia continuam a ser uma barreira significativa ao sucesso, e poucas das fazendas verticais são capazes de gerar lucros. As que conseguem operar fora do vermelho tendem a ser as de menor porte.

Elas incluem a City-Hydro, uma horta instalada em um quarto de hóspedes na casa de três andares em que vivem Larry e Zhanna Hountz, em Baltimore. Ele começou a plantar em casa por necessidade. Depois de um acidente de carro, não pôde sair de casa por dois anos e não conseguiu voltar ao seu emprego anterior como consultor de segurança digital.

"Zhanna tinha ido à mercearia para comprar tomates orgânicos. O preço era de US$ 15,50 por quilo", ele disse. "Pensei que aquilo era algo que eu mesmo poderia plantar". Ele converteu o dormitório, de 4,5 m por 3 m, em fazenda vertical e cultiva 80 variedades de microverduras que são vendidas a restaurantes locais. Hountz afirma que a fazenda gera faturamento de US$ 120 mil anuais (R$ 390 mil) e que não tem planos de expansão. "Queremos continuar sendo uma pequena empresa familiar", disse.

As fazendas verticais não usam os pesticidas químicos das fazendas tradicionais, e muito menos água e fertilizantes, mas os custos de energia podem ser elevados.


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