Folha de S. Paulo


Consultorias ensinam empresas a diminuir gastos com água e luz

Marcus Leoni/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 21.09.16 14h O empresario Paulo Pestana, 58, instalou uma estacao de tratamento de agua para reuso de agua na Lavanderia Paulista, apos sofrer cortes durante a crise hidrica.(Foto: Marcus Leoni / Folhapress, ESPECIAIS)
O empresário Paulo Pestana em sua lavanderia em Guarulhos (SP)

Para conseguir economia nas contas de água e luz, se adaptar à legislação ou criar um espaço ecologicamente amigável, empresas de segmentos variados têm recorrido à consultorias especializadas em projetos sustentáveis.

"Ninguém quer pagar caro para ser sustentável. Mas, quando se fala em eficiência, o interesse cresce", diz Guilherme DeLorenzo, 32, que abriu a consultoria Effizi, há um ano, em São Paulo.

Sem experiência anterior na área –trabalhou dez anos com publicidade–, ele pensou em criar uma loja on-line de produtos sustentáveis, mas no fim optou pela assessoria. Ao lado de um sócio, investiu R$ 100 mil.

Hoje, atende mais de 20 clientes, incluindo um hotel na capital paulista e um loteamento de residências no interior do Estado.

As assessorias sustentáveis contam com um time de engenheiros e arquitetos para analisar onde a empresa desperdiça água e eletricidade e propor soluções. Cisternas, estações de tratamento de água ou sistemas de energia fotovoltaica são algumas das opções propostas.

As consultorias cobram por projeto ou um percentual da economia do cliente. Algumas fazem a instalação dos equipamentos, enquanto outras apenas indicam os fornecedores.

Para empreendimentos de médio a grande porte, a Effizi também tem um modelo de concessão. Em parceria com investidores, ela compra, instala e opera estações de tratamento de água e esgoto por um período e recebe uma uma taxa mensal. DeLorenzo não revela o faturamento.

Segundo Dorli Martins, consultora do Sebrae-SP, a atuação das consultorias costuma ser voltada para empresas grandes. Normalmente, as pequenas vão atrás de serviços desse tipo motivadas por emergências, como a crise hídrica que ocorreu ano passado em São Paulo.

"Os pequenos empresários ainda não têm consciência que essas medidas podem geram um diferencial competitivo por reduzir os custos operacionais", afirma.

A Água P.U.R.A. é prova disso. Segundo o engenheiro Manoel Gomes de Souza, 50, fundador da empresa, 70% de seus clientes de São Paulo surgiram durante a crise hídrica no ano passado,

Criada há 16 anos no Espírito Santo, a consultoria é especializada em estações de tratamento de água e de esgoto, que podem custar de R$ 35 mil a R$ 150 mil. São cerca de 900 clientes em todo o Brasil e faturamento mensal de R$ 150 mil.

Sob ameaça de ficar sem água, o empresário Paulo Pestana, 58, investiu R$ 55 mil numa estação de reúso de água para o seu negócio, a Lavanderia Paulista, em Guarulhos (Grande São Paulo).

Com isso, a conta de água da empresa caiu de R$ 8.000 para R$ 2.000 por mês. O retorno do investimento veio em dez meses. "Coloquei no meu site que reuso a água e ainda ganhei clientes adicionais", afirma Pestana.

CONSTRUÇÃO VERDE

Outro serviço que as consultorias oferecem é a ajuda para empreendimentos que buscam certificação ambiental –setor que está em alta no país nos últimos anos.

"Os empresários sabem que se não tiverem essa preocupação, quando o prédio estiver pronto, daqui a três ou quatro anos, vai estar obsoleto", afirma Marcos Casado, da consultoria Sustentech.

Os projetos incluem metodologias próprias, como o uso de softwares que permitem simular a economia antes do início das obras. A consultoria tem cerca de 40 funcionários, entre engenheiros, arquitetos e biólogos, e faturamento anual de R$ 5 milhões, segundo Casado.

No portfólio de clientes, um dos mais novos é a Vila dos Atletas, no Rio."Depois das crises hídrica e elétrica, o foco principal é a redução de custo operacional e a melhoria de performance, o que leva a atender os critérios de certificação. O selo acaba sendo a cereja do bolo", diz.


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