Folha de S. Paulo


Negócios voltados para população idosa viram franquia

Avener Prado/Folhapress
SAO PAULO, SAO PAULO, BRASIL, 14-09-2016: Bartira Bravo, 68. Crescem negócios em São Paulo voltados para a terceira idade. Entre eles, a academia Vincere, em Moema, que só aceita alunos acima dos 40 anos. (Foto: Avener Prado/Folhapress, MPME) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
Bartira Bravo, 68, faz exercícios na academia Vincere, no bairro de Moema

Por ano, 670 mil pessoas no Brasil ultrapassam a barreira dos 65 anos e entram na terceira idade. Independente financeiramente e com tempo livre, essa população busca serviços e produtos que se adequem a seu perfil.

"Há uma mudança na estrutura etária da sociedade. A indústria, o varejo e o setor de serviços precisam se adaptar a isso" diz Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração), ligada a USP.

A previsão é que o país tenha 30 milhões de idosos até 2025. "É uma oportunidade de negócio, sem dúvida, porque investir na terceira idade permite uma diferenciação de produto e serviço. Isso cria uma barreira em relação à concorrência", afirma.

Para a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate, o idoso está atrás de qualidade de vida. "O perfil do idoso mudou. Hoje ele quer agir igual ao jovem, tem dinheiro e saúde, e pretende desfrutar dos prazeres da vida", diz ela.

"É um mercado que sofre pouco nas crises, porque o aposentado tem pouco risco de interrupção de renda", diz Carlos Pascotto Junior, 51. Há dois anos ele deixou a área de TI, na qual atuava, para abrir a Vincere, uma academia especializada em pessoas acima de 40 anos em Moema (zona sul de São Paulo).

"Antes só havia a previdência como forma de preparar para a velhice, hoje a conscientização é maior. Fazer musculação é uma poupança de tendões e articulações, eles serão os responsáveis pela liberdade amanhã", diz.

Com faturamento de R$ 100 mil por mês e crescimento de 20% ao semestre, ele se prepara para transformar o negócio em franquia.

Processo parecido foi feito pelo médico Benjamin Apter, 51, que criou há 12 anos a academia B-Active, também voltada à terceira idade. Há três anos foi aberta a primeira franquia da marca. Atualmente, há quatro unidades de parceiros e duas próprias -uma em Campinas e o restante na capital paulista.

O investimento para abrir uma unidade é de R$ 385 mil, com retorno previsto para 19 meses. "Estamos crescendo em termos de rede e de faturamento porque a prevenção é um fator chave hoje", diz.

Para De Angelo, da FIA, o empresário que investir nesse nicho precisa se preocupar com a qualidade, já que exigência dos clientes é maior.

Já Mecate destaca que é preciso ter um bom atendimento ao cliente e adaptar o espaço para receber os idosos (veja mais no infográfico). Em compensação, diz ela, o idoso é mais fiel do que o jovem. "É uma pessoa madura que não precisa se preocupar em poupar. Então se ela gosta de uma marca, vai continuar comprando sempre."

Entre os setores com maior potencial de crescimento, ela lista a área de exercícios físcos, a de moda e a de turismo. Essa última chamou a atenção de Cintia Paoleschi, 43. Ao lado da mãe, ela é dona da Cinthe Tur, agência de viagens especializada na terceira idade. A empresa fatura cerca de R$ 600 mil por ano.

"As senhorinhas antes ficavam fazendo tricô em casa e agora querem mais passear e viajar" explica.

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EXPERIÊNCIA CONTA

Ouvidos abertos
A população mais idosa tem mais tempo livre e quer ser bem atendida. Vendedores precisam ser treinados para saber explicar os detalhes e responder todas as questões com paciência

Cuidado na rede
Cresce o uso de internet por pessoas mais velhas e, por isso, é interessante direcionar a elas um conteúdo on-line. Por outro lado, manter o atendimento pessoal ou por telefone é essencial

Caminho livre
Facilidade no acesso é fundamental, pois esse cliente exige mais comodidade. Ter estacionamento próprio conta pontos, assim como estar perto de uma estação de metrô ou de um ponto de ônibus

Ambiente seguro
É importante adaptar o espaço físico, colocando rampas no lugar de escadas, por exemplo. A lógica também se aplica ao material escrito, que não deve conter letras muito pequenas

Fonte: Ariadne Mecate, do Sebrae-SP


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