Folha de S. Paulo


Meirelles diz que teto dos gastos é o 'foco do momento' e não descarta campanha

Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, quer chamar a atenção da população para o tema

Depois de reunião com parlamentares, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixou a residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados a pé para defender a aprovação da proposta que estabelece um teto para o crescimento dos gastos públicos. O ministro não descartou uma campanha para chamar atenção da população para o tema. Ele estava acompanhado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para justificar a atual situação da economia brasileira, Maia e Meirelles adotaram a mesma argumentação —inclusive com o mesmo vocabulário—, de que a situação ruim da economia hoje é "herança" do governo anterior. Maia chegou a falar em "herança maldita".

Meirelles disse que o "foco do momento" é a aprovação da PEC (proposta de emenda constitucional) do teto dos gastos e afirmou que não há definição de data para o envio da reforma da Previdência ao Congresso.

"Uma reunião como a de hoje já é parte dessa estratégia [de melhorar a comunicação]. O passo seguinte será como melhorar ainda mais a comunicação, não só com parlamentares, como com a sociedade. Estamos avaliando todas as sugestões e tomaremos medidas necessárias nas próximas semanas", afirmou o ministro, após o café da manhã com os parlamentares.

Questionado sobre se haveria uma campanha do governo federal, Meirelles disse que o tema será definido nos próximos dias.

Rodrigo Maia disse estar confiante de que a PEC será aprovada na Câmara até o fim de outubro ou início de novembro. "Vai garantir horizonte de confiança", disse.

O líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), que também participou do encontro, defendeu o teto dos gastos, mas cobrou do governo ações para conscientizar a sociedade sobre o assunto.

"Vamos ter que fazer comunicado muito forte, seja dentro do Congresso, para parlamentares, seja fora, para a sociedade. Para conscientizar. [...] O governo também tem que fazer sua parte, fazendo comunicações eficientes para que a população entenda o caos econômico que estamos vivendo", disse, ao deixar a reunião.

PRAZO

A proposta do governo limita os gastos federais à variação da inflação por até 20 anos. A partir do décimo ano, no entanto, a regra de correção das despesas totais pela inflação poderá ser revista.

O prazo de 20 anos, que é alvo de críticas no Congresso Nacional, foi defendido pelo ministro. "A questão do prazo, é muito importante levar em conta que isto é como tratamento de saúde, uma infecção e alguém está tomando antibiótico. É importante que não seja excessivo e que seja na dosagem adequada. Se for abaixo da dosagem adequada, não cura e cria resistência no organismo. É importante que prazo seja suficientemente longo para que todos possam fazer suas projeções e concluir que trajetória da dívida é de aumento, estabilização e queda", afirmou Meirelles.


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