Folha de S. Paulo


Fundos de pensão têm rombo de R$ 84 bilhões, diz associação

A indústria brasileira de fundos de pensão fechados encerrou o primeiro semestre do ano com um deficit acumulado de R$ 84 bilhões, R$ 7 bilhões a mais que no fim do ano passado, de acordo com a Abrapp (entidade que representa o setor).

O rombo cresceu mais de 80% na comparação com junho do ano passado, quando foi de R$ 45,8 bilhões.

Para quem está nos fundos, o deficit pode significar benefício menor que o esperado ou necessidade de pagar quando se esperava receber o dinheiro de volta.

OPERAÇÃO GREENFIELD
PF deflagra ação para investigar fraudes

Os dados divulgados pela Abrapp não identificam quais fundos tiveram os maiores deficit. Mas dados recentes mostram que Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Funcef (da Caixa), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios) estão entre os líderes.

Esses quatro fundos de pensão de empresas estatais foram alvos na semana passada da Operação Greenfield, da Polícia Federal, para investigar supostos prejuízos nessas entidades.

Nesta segunda-feira (12), a Abrapp anunciou o primeiro código de regras envolvendo políticas de investimento do setor, com o objetivo de premiar os gestores e produtos com melhores práticas do mercado.

Segundo o presidente da entidade, José Ribeiro Pena Neto, o código não é uma resposta à investigação da Polícia Federal que suspeita de fraudes de R$ 8 bilhões. "Esse código está aprovado há dois meses e, para se chegar nele, demorou alguns anos", afirma o dirigente.

O código é um conjunto de princípios e processos abordando a boa governança de investimentos. Os fundos poderão aderir voluntariamente, e os que cumprirem as regras receberão um selo.

A Abrapp fará o acompanhamento das entidades para fiscalizar o cumprimento dos princípios, diz Pena Neto. As entidades acusadas de más práticas de gestão não receberão punições, segundo o presidente da entidade. Mas os fundos que deixarem de atender às regras estabelecidas no código perderão o selo.

RENTABILIDADE

De acordo com a associação, os fundos tinham no fim de junho um total de R$ 763 bilhões em ativos, crescimento de 13,3% em 12 meses.

No primeiro semestre, a rentabilidade foi de 8,44%, pouco abaixo da taxa mínima que garante a sustentabilidade dos planos, que foi de 8,5%. A projeção é que a rentabilidade dos planos atinja 16,14% no fim deste ano, contra 15,19% da taxa mínima.

"Estamos vindo de três ou quatro anos de não conseguir bater a meta atuarial, agora vamos voltar a bater a meta, vamos voltar à trajetória de bons resultados", afirma Pena Neto. A meta atuarial é a rentabilidade necessária para manter todos os pagamentos atuais e futuros.

O setor prevê alcançar 15,3 milhões de participantes em fundos de pensão até 2036. Hoje, são 2,5 milhões. Um dos motivos para esse aumento seria a reforma da Previdência.


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